Um bólido cruzou o céu da fronteira do Rio Grande do Sul com
o Uruguai na manhã desta quarta-feira, 20. De acordo com informações do serviço
meteorológico uruguaio, moradores da região de Cerro Largo informaram que a
terra chegou a tremer e em Vichadero, departamento de Rivera, os habitantes
relataram o som de uma explosão.
Testemunhas noticiaram um clarão no céu nos departamentos de
Rivera, Salto, Tacuarembó e Cerro Largo. A mesma região teve fenômeno
semelhante no ano passado.
É possível confirmar que um bólido ingressou na atmosfera
entre a Campanha do Rio Grande do Sul e o Norte-Nordeste do Uruguai.
O instrumento Geostationary Lightning Mapper do satélite
GOES, usado no monitoramento de raios, captou o ingresso do objeto espacial
cruzando a região da fronteira. Para que o satélite tenha captado a rocha
espacial e tenha se produzido um ruído sônico e clarão em pleno dia é provável
que o bólido tenha sido de maior dimensão.
O bólido, explicam os astrônomos, provoca uma claridade
muito maior do que um meteoro do tipo fireball, além de vibrações. Há casos em
que chegam a gerar estampidos sônicos com vibrações a ponto de as pessoas
sentirem a terra tremer, o que explica os relatos do lado uruguaio da fronteira
de que as pessoas perceberam um abalo.
A queda de um bólido dificilmente traz risco. Em regra, eles
caem fragmentados e danos são raríssimos. Houve vários casos em anos recentes
de bólidos documentados no Brasil com o crescimento da tecnologia de câmeras de
monitoramento ambiental e o maior interesse científico no estudo de meteoros,
especialmente por parte da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros
(BRAMON).
Em Taquara, no Vale
do Paranhana, opera um observatório especializado neste tipo de fenômeno.
Conforme a dimensão, velocidade e composição da rocha
espacial, o meteoro vai se desintegrar ou não ao ingressar na atmosfera do
nosso planeta, e em alguns casos, como nos bólidos, pode terminar de forma
explosiva com ruído sônico e brilho à noite maior que o do planeta Vênus.
Nestes casos, a luminosidade é muito grande a ponto de permitir a identificação
por satélites meteorológicos, como o GOES-16 que está em uma órbita
geoestacionária a 32 mil quilômetros de distância da Terra.
Com informações: MetSul