A justiça prevaleceu, e o trio acusado pelo envolvimento no
assassinato e na ocultação do corpo da jovem Vanessa Motta Martins, em Pinheiro
Preto, no ano retrasado, foi condenado à prisão, em um dos julgamentos mais
aguardados e longos do Meio-Oeste. Dois réus foram sentenciados a 19 anos
e uma ré a 12 anos, todos em regime inicial fechado.

Os dois Promotores de Justiça do Ministério Público de Santa
Catarina (MPSC) que conduziram a acusação contra os réus em plenário consideram
a sentença uma vitória contra a impunidade. Eles apresentaram a tese construída
com base no trabalho investigativo realizado pela Polícia Civil.
Thayse Göedert Pauli, titular da Promotoria de Justiça da
Comarca de Tangará - que abrange Pinheiro Preto -, diz que "os jurados
deram a resposta que a sociedade aguardava, mostrando que crimes contra a vida
não podem ser tolerados nem minimizados". E José da Silva Júnior, do Grupo
de Atuação Especial do Tribunal do Júri (GEJURI), afirma que "o MPSC foi a
voz de uma família enlutada, que esperou mais de dois anos por justiça e que a
partir de agora não precisará mais conviver com a impunidade".
O caso
As investigações revelaram que, na noite de 22 de maio de
2023, Vanessa aceitou o convite falso de um dos réus para sair fumar narguilé
e, quando entrou no carro, foi enforcada e morta com um barbante por outro réu,
com quem mantinha um relacionamento sigiloso, sem poder reagir, pois ele estava
escondido no banco de trás.

Então, os dois homens rodaram pela região durante a
madrugada, e no dia seguinte o levaram o corpo até um terreno baldio no
interior, onde o amarraram, queimaram e enterraram com ajuda de um
trator.
O cadáver só foi encontrado sete dias depois, e ambos foram
presos. A análise pericial dos celulares revelou que a então companheira do réu
que mantinha uma relação extraconjugal com a vítima sabia dos fatos. Ela foi
denunciada como coautora do crime e respondeu ao processo em liberdade.
O julgamento
Os três foram julgados no fórum de Tangará, município-sede
de comarca, acusados pelo MPSC de homicídio com quatro qualificadoras -
feminicídio, asfixia, motivo fútil e recurso que dificultou a defesa
(dissimulação) - e ocultação de cadáver.

A sessão do Tribunal do Júri teve dois dias de duração.
Os trabalhos começaram na manhã de terça-feira (8/7), com o sorteio dos
jurados, e só terminaram no final da tarde de quarta-feira (9/7), com a leitura
da sentença. O público lotou o salão para acompanhar o desfecho do caso que
abalou a região. Familiares e amigos de Vanessa usaram camisetas com a foto
dela e o clamor por justiça. O pai foi às lágrimas durante o testemunho ao
falar sobre a falta que sente da filha.
Algumas pessoas não conseguiram entrar por falta de espaço e
ficaram na porta aguardando notícias, mesmo com a baixa temperatura típica do
inverno local. Cerca de 20 Policiais Militares, Penais e Civis fizeram a
segurança, mantendo as coisas em ordem.
Condenações
A leitura da sentença ocorreu por volta das 17 horas. O réu
que armou a cilada para Vanessa ao convidá-la para fumar narguilé e o réu que
mantinha o relacionamento extraconjugal com ela foram condenados a 19 anos de
reclusão em regime inicial fechado.
Os jurados entenderam que a participação da ré foi de menor
importância, e ela foi sentenciada a 12 anos e oito meses de prisão, também em
regime inicial fechado. O trio não poderá recorrer em liberdade e foi conduzido
ao presídio assim que o julgamento terminou.
