Quase 40% dos alunos da Escola Maria Luiza Barbosa, no bairro Martello, estão com excesso de peso. A informação faz parte de uma pesquisa apresentada na noite de ontem (20), na Câmara Municipal de Caçador, pelo professor de Educação Física Marcos Adelmo dos Reis. Ele fez a explanação a convite dos vereadores Clayton Zanella (DEM) e Jean Carlo Ribeiro (PSD).
Os dados integram um estudo efetivado na unidade escolar de 2018 até 2021. Neste quadriênio, foram realizadas pelo professor Marcos e outros profissionais da área que atuaram na escola 1945 avaliações, com um público entre 4 e 14 anos. No primeiro ano, o excesso de peso esteve presente em 29,4% das crianças avaliadas. Este percentual passou para 30,7% em 2020 e aumentou para 39,8% neste ano.
Questionado sobre os fatores que podem ter contribuído para este aumento significativo, o profissional acredita a falta de exercícios físicos durante a pandemia tenha sido um dos fatores predominantes.
“Apesar de não termos estudos a respeito, é notável que a interrupção das aulas, especialmente no que se refere aos exercícios físicos no período em que estão na escola, pode ter contribuído para o aumento no excesso de peso das crianças. Somado a isso, está o número elevado de horas de tela de celular, computador, videogame e televisão, devido ao isolamento social”, afirma.
Para o profissional, um dos motivos de expor os dados na Câmara de Vereadores é ampliar a discussão sobre o tema e angariar ações para a busca de soluções ao problema.
“Nas últimas décadas tivemos uma variação nutricional muito grande. Há 30 anos tínhamos mais desnutridos do que obesos, e hoje esse quadro se inverteu. O problema da criança obesa não passa apenas pela questão estética, mas pelos vários problemas de saúde que este quadro pode acarretar tanto no presente quanto no futuro. Infelizmente já temos em nossa escola alunos de 12/13 anos hipertensos, medicados e que pesam mais de 100 quilos. Isso se torna um fato muito grave”, expõem.
Estudo iniciado em 2007
O trabalho específico realizado com os alunos da Escola Maria Luiza Barbosa integra um estudo ampliado que teve início nos anos de 2007 e 2008, com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de mestrado do profissional.
Ele explica que foram acompanhados mais de 5 mil estudantes em 2007 e outros 4500 em 2008 das redes municipal, estadual e particular, constatando excesso de peso em 19,4% do total de alunos no primeiro e 23,3% no segundo ano.
“De 2009 a 2010 e de 2015 a 2017 continuamos este acompanhamento apenas nas escolas em que trabalhei. Apesar de o número de crianças acompanhadas ter diminuído, infelizmente o percentual de alunos com excesso de peso continuou aumentando, de 20,7% para 36% nos cinco anos”, completa.
Vereadores enaltecem a importância da prevenção
Autores do convite para que o professor Marcos viesse à Câmara explanar sobre o assunto, os vereadores Clayton Zanella e Jean Carlo Ribeiro enaltecerem a pesquisa e a importância de trabalhar ações preventivas para mudar esta realidade.
“Brigamos pelo atendimento à saúde, mas muitas vezes esquecemos de brigar pela prevenção, que resolveria muitos problemas de hipertensão, diabetes e outras doenças que acometem a sociedade por questão nutricional ou falta de autocuidado ou informação”, afirma Clayton.
Por se tratar de dados pontuais, ele sugere que uma nova pesquisa seja realizada em todas as escolas com levantamento atualizado de quantas crianças estão com sobrepeso ou obesidade, e que a partir destes números seja efetivada uma campanha junto à secretaria municipal de Educação para minimizar os efeitos.
“Precisamos criar políticas para que essas crianças tenham acesso as orientações e atendimento em casos necessários”, encerra.
O vereador Jean Carlo informou que o assunto já foi tratado com o prefeito Saulo e será repassado à Secretária de Educação Lenira Carneiro Ruppel. Ele também considera que a pandemia agravou o problema e esses dados serão importantes para que as ações implantadas agora deem resultados a médio e longo prazo. “A prevenção é sempre mais barata em relação ao tratamento da doença. Precisamos nos preocupar hoje para que as nossas crianças sejam adultos saudáveis e tenham qualidade de vida”, destaca.