Pica-Pau falou sobre política, história de vida e sobre o prefeito Saulo Sperotto
Sempre destacando o grande valor do novo prédio da Câmara de Vereadores, inaugurado em sua gestão, o presidente do Legislativo caçadorense, Antonio Gilberto Gonçalves (PT), recebeu a equipe de reportagem do Portal Caçador Online em seu gabinete acompanhado de sua assessoria de imprensa, para discussão a respeito de política, história de vida e, claro, Administração Municipal.
Bem à vontade, Pica-Pau, como é conhecido, contou como chegou ao poder, como se manteve no poder e quais são os planos para uma futura eleição. “Estou à disposição do Partido dos Trabalhadores”, disse, humildemente.
Vindo de uma família humilde, Gonçalves teve que começar a trabalhar logo cedo. “Quando eu tinha 8 anos, ia de casa em casa, arrumando sempre um serviço ou outro”, lembra-se. “Trabalhei inclusive, descascando banana na antiga Sodoce”, diz.

Foi funcionário da Sulca e quando vou trabalhar na Fezer, entrou para o movimento Sindical, o que lhe deu sustentação para a sua atual vida política. “Com 26 anos, eu já era juiz classista e fui trabalhar em Brasília, onde fiquei por 8 anos”, conta.
Este pode ser considerado o início na vida pública de Pica-Pau, que afirmou que em Brasília, se vive política o dia todo. “Isso me dá uma bagagem muito grande para realmente poder estar no cargo de presidente da Câmara”, enfatiza.
Caçador Online: Com relação a esse ano de mandato, qual é a sua avaliação?
Pica-Pau: Na verdade, esse foi realmente um ano de muitas atividades para a Câmara de Vereadores. Tive a grata satisfação de inaugurar oficialmente este prédio, que já estava sendo utilizado, numa proposta do vereador Marcos Creminácio, mas que ainda não estava terminado. Além disso, trata-se do segundo ano sem recesso em julho, o que fez com que as sessões ordinárias fossem aumentadas, chegando a 63. Isso, sem contar as 12 extraordinárias, realizadas para discussão e votação de projetos de interesse da comunidade caçadorense.
Fora isso, tivemos uma diversidade de eventos neste local, onde, até agora, já passaram mais de 20 mil pessoas. Isso é um contraposto aos trabalhos anteriores do Legislativo, onde circulavam nas sedes antigas, no máximo 300 pessoas ao ano.
Caçador Online: Quais foram os principais eventos?
Pica-Pau: Dentre os mais de 250 eventos que ocuparam os 4 espaços da Câmara reservados para isso, podemos destacar as sessões solenes da Semana do Município, com um resgate político da história de Caçador, da Pátria, que contou com a participação dos atiradores do Tiro de Guerra, a entrega de mais dois títulos de cidadãos honorários, dos títulos de cidadão caçadorense, a 20 pessoas, o Seminário de Vereadores, que contou com a presença de representantes dos Legislativos de toda a região, a inauguração do Plenário Joaquim Scolaro. Além de tudo isso, ainda tivemos o lançamento de um selo comemorativo, em uma parceria com os Correios, onde durante um mês, todas as cartas que saíram de Caçador levaram a marca da Câmara de Vereadores.
Caçador Online: E as obras da Câmara já foram encerradas?
Pica-Pau: Durante todo este ano, continuamos trabalhando para que o prédio se tornasse cada vez mais apresentável à população. O que procuramos na presidência foi concluir esta obra, mas ainda não conseguimos. No entanto, faltam apenas poucos detalhes, como a instalação do ar-condicionado, que precisa de adaptações. Mesmo assim, durante 2007, conseguimos equipar os gabinetes dos vereadores, instalar um datashow da mais alta tecnologia no plenário Osvaldo José Gomes, que é utilizado constantemente pela comunidade e reformular todas as cadeiras do plenário Joaquim Scolaro.
Caçador Online: Como foi o início do mandato?
Pica-Pau: Iniciamos um mandato complicado, com uma crise na saúde e médicos em greve, além de uma pressão muito grande sobre a Câmara de Vereadores. Mesmo assim, conseguimos dar a volta por cima.
Caçador Online: O programa Vereador Mirim foi modificado.
Pica-Pau: Transformamos este programa, que teve como idealizadora a ex-vereadora Marina Cruz, e criamos não exatamente uma escola de formação, mas sim, com a ajuda de parceiros, criamos um grupo de estudo.
Caçador Online: Como você vê a oposição X situação na Câmara?
Pica-Pau: Como presidente da Câmara de Vereadores, tenho que analisar os componentes desta casa com igualdade, sem distinguir entre oposição e situação.
Caçador Online: A sua afirmativa é de que não pode diferenciar os vereadores. É possível mesmo fazer isso?
Pica-Pau: Com certeza. O presidente do Legislativo tem que ter a função de mediador, de gestor.
Caçador Online: Como foi se tornar um vereador de oposição?
Pica-Pau: Na verdade, eu me considero uma pessoa de muita sorte, já que em 2004, quando me elegi, houve a diminuição de 15 para 10 vereadores e entramos em dois grupos de oposição diferentes: eu e o Marcos Creminácio de um lado e os vereadores do PMDB do outro. Foi a própria população que definiu que apenas 4 pessoas seriam a base do prefeito Saulo Sperotto.
Eu entrei então, com a idéia de que o vereador tem o papel de legislar, fiscalizar e não de prometer pontes, postos de saúde ou outras coisas mais. Esse papel é do prefeito e nós estamos aqui, claro, para sugerir também.
Caçador Online: O que mudou para o “agora” presidente?
Pica-Pau: Muitas coisas mudam, a começar pela forma de agir quanto aos colegas vereadores. Um outro sentido é com relação a algumas atitudes que foram tomadas, como a inserção do cartão ponto digital para os funcionários. No entanto, a minha forma de trabalhar não mudou de forma alguma. Sempre fui a mesma pessoa, que cobra e que quer as coisas andando corretamente.
Uma das minhas maiores dificuldades é com relação a indeferir pedidos de utilização da estrutura da Câmara, mas isso às vezes é necessário, quando há conflito na agenda.
Entretanto, existe ainda outro fator que é o relacionado a não querer desagradar as pessoas. Em uma dessas vezes, aprovamos o projeto para doação do terreno ao lado do Legislativo. Só que vamos sentir realmente a situação complicar, a partir do momento em que esse local não for mais utilizado como estacionamento.
Caçador Online: Sua opinião sobre a administração Saulo Sperotto.
Pica-Pau: Vejo o Saulo de duas maneiras: Como prefeito e como pessoa. Como pessoa, conheço ele e sua família de longa data, pelos quais respeito muito, pois têm uma idoneidade muito grande. Já como prefeito, existe uma análise mais aprofundada.
Ele é jovem e tem muito entusiasmo na política. Só que o que nós esperávamos é que no primeiro ano, seria muito difícil, já que é um período de adaptação. Nesta época, a Câmara deu realmente a chance para ele trabalhar, com uma CPI, apontando erros de muito tempo que já tinha virado vícios e que poderiam ser corrigidos. Esse era o momento de ele sentar e receber os vereadores para uma conversa, a fim de auxiliarmos nestes acertos, mas ele não quis.
Na verdade, o maior problema dele está nas pessoas que o acompanham, pois já são figurinhas carimbadas, secretários que já estiveram em diversos outros governos.
No seu segundo ano, com os apontamentos para várias falhas, a saída era corrigir todas, mas ele não buscou mudar.
Além disso, na sua campanha, foram apresentadas coisas que não são baseadas em um alicerce bem feito. Essa campanha impossibilitou ele de trabalhar, pois nos vídeos tudo é muito fácil, mas na realidade, do orçamento, sobre muito pouco para aqueles investimentos prometidos por ele.
O mandando do Saulo poderia ser muito mais marcante, mas as questões negativas realmente, são por causa da sua equipe que foi mal planejada.
Caçador Online: Sua pretensão em 2008.
Pica-Pau: Em primeiro lugar, sou contra o mandato de apenas 4 anos com reeleição. O sistema ideal seria com 6 anos, mas que a pessoas pudesse apenas se candidatar uma vez para cada cargo político. Isso traria sempre uma renovação. Mas, como isso ainda não é possível, estou a disposição do PT, para qualquer que seja o cargo.
Caçador Online: O que o vereador Antonio Gilberto Gonçalves tem a dizer para a população?
Pica-Pau: Como vereador, tenho certeza de ter feito um mandato voltado para a comunidade de Caçador, pois, indiferente de partido, meu trabalho nunca mudou. Uma das coisas que realmente senti como necessidade, foi a de voltar para o banco da escola, já que os agentes políticos precisam mesmo conhecer de administração pública para então governar para o povo.
Minha posição como vereador da oposição nunca interferiu nas votações de projetos que trazem benefícios para a comunidade. Tanto é que, de todos os que o prefeito Saulo enviou para esta casa, 95% foram aprovados.
Considero, portanto, meu mandato como sendo popular, onde a população tem livre acesso e com um respeito muito grande por todos os vereadores desta casa.