A indústria catarinense reconhece a importância fundamental
de buscar melhores condições de trabalho e qualidade de vida para o
trabalhador. No entanto, o debate sobre o fim da escala 6x1 e a redução da
jornada de 44 para 36 horas sem redução salarial ignora as leis básicas da
economia. Reduzir jornada só é sustentável sob duas pré-condições: o aumento
real da produtividade e a livre negociação entre as partes, respeitando a
realidade de cada setor e empresa.

Impor essa mudança por lei é um golpe contra a
competitividade. Vivemos um cenário internacional de concorrência acirrada e
protecionismo crescente, com tensões entre EUA, China e Europa. O
"tarifaço" americano é um alerta: ou somos competitivos, ou seremos
engolidos.
Um olhar para a realidade externa é elucidativo sobre o
quanto este debate é inapropriado neste momento: países como Alemanha,
Dinamarca, Irlanda, Holanda, Argentina e Uruguai permitem jornadas de 48 horas.
A Suíça de 50. Atualmente, o Brasil se encontra na 100ª posição no ranking
global da produtividade por empregado. Além disso, enfrentamos o apagão de mão
de obra qualificada, situação que seria agravada pela redução da jornada,
gerando um vácuo operacional impossível de preencher no curto prazo.
A ideia de que menos horas no contrato significam mais
descanso é ilusória. Exemplos da área da saúde mostram que o tempo livre
costuma ser ocupado por trabalhos informais, os “bicos”, para complementar a
renda. Ou seja, perde-se em produtividade industrial sem garantir o bem-estar
real.
Na prática, a jornada de trabalho média já começa a ser
reduzida, em setores onde é possível. Mas os dados do Ministério do Trabalho
(2024), organizados pelo Observatório Fiesc, mostram que 86% dos trabalhadores
formais da indústria catarinense — 806 mil pessoas — ainda possuem contratos de
44 horas. O dado evidencia o impacto que a medida teria neste momento em
setores altamente expostos à competição internacional, como a maioria dos
segmentos industriais de SC. No Brasil, implantar uma jornada de 36 horas por lei
custaria R$ 179 bilhões à indústria, elevando o custo do emprego formal em 25%,
segundo a CNI. No setor público, o impacto seria de outros R$ 150 bilhões.
Por isso, a Fiesc mantém posição firme: estamos
intensificando o contato com a bancada federal catarinense para apresentar
esses dados técnicos. Não podemos permitir que o populismo legislativo
comprometa a sustentabilidade dos negócios e, por consequência, o próprio
emprego do trabalhador.