Por três dias, os corredores de instituições de longa permanência para idosos foram tomados por melodias, sorrisos e olhares que diziam muito sem precisar de palavras. Foi assim a Turnê 2025 do Coral Sênior da AMIMU – Associação dos Amigos da Música, de Caçador, que percorreu sete municípios catarinenses e realizou nove apresentações em ILPIs, impactando a vida de 476 residentes.
A iniciativa integra o projeto Cultura na Feliz Idade, desenvolvido com recursos do Fundo Estadual do Idoso, por meio do Governo de Santa Catarina, com apoio da Secretaria de Estado da Assistência Social, Mulher e Família e do Conselho Estadual do Idoso. Sob a regência do maestro Patrick Cavalheiro, os coralistas – todos com mais de 60 anos – viveram dias intensos e transformadores, passando por Rio do Sul, Timbó, Pomerode, Blumenau, Itajaí, Florianópolis e Lages.
Em cada parada, não apenas cantaram: se conectaram, emocionaram, e deixaram marcas. “Nós não voltamos os mesmos. Fomos uma pessoa e voltamos outra. Compreendemos que a coisa mais importante do mundo é o ser humano”, relatou Nelci Teresinha Xumadelo Heinemann, emocionada após a turnê.
A experiência ressignificou o envelhecer para muitos coralistas, como Márcia Stania Santana dos Reis, que chegou recentemente a Caçador e encontrou na AMIMU um espaço de reconstrução. “Com mais de 60 anos, estou realizando sonhos que deixei guardados pela vida inteira. Essa turnê foi como voltar a viver. Ver os idosos sorrindo, nos pedindo para cantar mais, foi como um renascimento”.
Se para quem canta a emoção é profunda. Leda Maria Madalozzo Camatti observa com sensibilidade o impacto da presença musical nos lares. “A música emociona, desperta memórias. Em todos os asilos que visitamos, vimos olhos brilharem, mãos que aplaudiam mesmo trêmulas e corações que se abriram para receber. Foi um momento de humanidade, de partilha”.
Essa entrega não passou despercebida. Os idosos institucionalizados – muitos deles sem vínculos familiares ativos – reagiam com lágrimas, sorrisos largos e até pedidos para que o coral voltasse. “Em um dos lares, cantamos para uma senhora de 111 anos. Estava lá, serena, sendo bem cuidada. E nós, também idosos, tivemos o privilégio de levar alegria para ela. Isso nos fortalece, nos dá propósito”, contou Angela Maria Stavis.
Mais do que cantar, os coralistas carregaram consigo o símbolo de uma velhice ativa, criativa e solidária. Para Terezinha Daló de Moura, cada ILPI visitada revelou histórias de vida tocantes e uma constatação: a cultura precisa alcançar quem não pode mais ir até ela. “Muitos daqueles idosos não têm mobilidade para frequentar apresentações culturais. E é por isso que esse projeto é tão valioso: porque leva o espetáculo até eles. E isso é levar dignidade”.
Já Yeda Teresinha Drissen, integrante do programa Cantando a Felicidade, resume a essência da experiência. “Foram encontros cheios de emoção. Cantar nessas instituições foi mais do que levar música. Foi levar presença. Foi a certeza de que a arte une corações”.
A turnê foi também um reconhecimento à trajetória da própria AMIMU, que há anos atua na promoção da música como ferramenta de inclusão e transformação social. A instituição oferece aulas de canto coral e instrumental, promovendo o desenvolvimento artístico e emocional de pessoas idosas.
“Hoje, vemos pessoas realizando sonhos da juventude. Aprendendo violão, teclado, cantando. Tudo aquilo que não puderam fazer antes por falta de tempo ou oportunidade. Agora, na terceira idade, essas conquistas ganham outro significado”, destaca o maestro Patrick Cavalheiro.
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