Santa Catarina tem oito cidades cuja renda média da
população está abaixo da faixa dos R$ 300, mostra o Mapa da Riqueza,
estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgado nesta
quarta-feira, 14, e desenvolvido com base em dados de 2020, primeiro ano da
pandemia da Covid-19.

O Estado tem renda média por polução de R$ 1652,07, o quinto
maior no Brasil. Ao ver a realidade dos municípios, no entanto, é perceptível a
disparidade. Em Entre Rios, município catarinense do Extremo Oeste com a
menor renda média, os moradores ganham cerca R$ 217,19.
A lista de cidades onde os moradores ganham em média menos é
seguida por Calmon (renda média de R$ 243, 86), Bela Visto do Toldo (R$
251,31), Santa Terezinha (R$ 252,03) Cerro Negro (R$ 268,6), Saltinho (R$
288,82), Sangão (R$ 291,51) e Santa Terezinha do Progresso (R$ 296,12).
Municípios de SC mais ricos
O estudo foi feito com base nos dados do Imposto de Renda e
da Pnad Contínua. Com de R$ 4214,67, Florianópolis é a Capital brasileira com a
maior renda média por população. A Ilha de Santa Catarina está na
frente de Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736).
Florianópolis é também a cidade de Santa Catarina com as
rendas mais altas do imposto de renda por habitante. Depois vêm Balneário
Camboriú (R$ 3028,63), Jaraguá do Sul (R$ 2392,76), Blumenau (R$ 2269,16),
Itapema (R$ 2064,38), Chapecó (R$ 2021, 64) e Joinville (R$ 1990,8).
O ranking de renda média por habitante nos Estados é liderado
por Brasília (R$ 3.148), São Paulo (R$ 2.063), Rio de Janeiro (R$ 1.754) e Rio
Grande do Sul (R$ 1672,93). Na outra ponta, com a renda média por população
mais baixa, estão o Maranhão (R$ 408,98) e o Pará (R$ 506,77).
Desigualdade é ‘maior do que imaginado’
Para a FGV Social, o estudo mostra que a desigualdade de
renda no Brasil é ainda maior do que o imaginado. O índice de Gini chegou a
0,7068 em 2020. O valor é superior ao 0,6013 calculado apenas na Pnad Contínua.
Cada 0,03 ponto corresponde a uma grande mudança da desigualdade.
“A desigualdade, quando a gente combina dados do imposto de
renda com as pesquisas domiciliares, ela se apresenta bem mais alta, e a
mudança dela na pandemia não foi de queda como se acreditava, mas de um pequeno
aumento”, explicou o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, em entrevista
à Agência Brasil.
Segundo o professor, a renda dos mais ricos revelada no
imposto de renda é mais alta do que é captado pela Pnad. “Se a pessoa declara
imposto de renda, declara o que ela tem, se não paga imposto à toa, então há
desigualdade por captar mais a renda dos mais ricos. E durante a pandemia, o
grupo do meio, a classe média, não teve o auxílio e também não tinha renda do
capital para estabilizar o choque adverso”, disse, acrescentando que essa
parcela, classe média, ainda teve mais efeitos com as perdas de empregos.
Conforme o cálculo do Gini, quanto mais perto de 1 está o
indicador, maior é a desigualdade. A pandemia também é responsável por
influenciar a desigualdade. Diferente do que se pensava, mesmo com o Auxílio Emergencial,
a desigualdade brasileira não recuou durante a pandemia. Com a metodologia
usual do Gini o patamar teria passado de 0,6117 para 0,6013. No entanto, com a
combinação das bases, o indicador vai de 0,7066 para 0,7068.
Neri destacou que as perdas dos mais ricos (os 1%) foi de
1,5%, nível menor do que a metade da classe média, que ficou em 4,2%, e se
tornou, segundo o professor, a grande perdedora da pandemia.
“Embora a renda dos mais pobres tenha sido protegida pelo
Auxílio Emergencial, a renda da classe média teve uma queda quase três vezes
maior do que a do topo da distribuição. Foi [queda de] 4,2% para a classe média
e menos 1,2% para o topo da distribuição. A fotografia da desigualdade e o
filme da pandemia são piores do que imaginavam. Essa é uma imagem mais macro da
pesquisa”, explicou.
Unidades da federação
As rendas mais altas do imposto de renda por habitante no
Brasil foram notadas em Brasília (R$ 3.148), São Paulo (R$ 2.063) e Rio de
Janeiro (R$ 1.754). Nas capitais, Florianópolis ficou na frente (R$ 4.215),
seguida de Porto Alegre (R$ 3.775) e Vitória (R$ 3.736). Também tiveram
destaque os municípios de Nova Lima, na Grande Belo Horizonte (R$ 8.897); São
Caetano, na Grande São Paulo (R$ 4.698) e Niterói, na Região Metropolitana do
Rio de Janeuiro (R$ 4.192).
A menor declaração de patrimônio por habitante foi
registrada no Maranhão (R$ 6,3 mil). Ao contrário, a maior é a do Distrito
Federal (R$ 95 mil), onde há muita concentração de riqueza, liderada pelo Lago
Sul (R$ 1,4 milhão). A renda apresentada no IRPF por habitante no Lago Sul é R$
23.241. O valor, segundo a pesquisa, é três vezes maior que o alcançado em Nova
Lima, o município mais rico do Brasil.
O estudo mapeia fluxos de renda e estoques de ativos dos
mais ricos brasileiros a partir do último IRPF disponível. Para o professor
Neri, a avaliação é útil para formulação de reformas nas políticas de impostos
sobre a renda e sobre o patrimônio. “A gente lança informações que são úteis
para desenho de reforma de imposto de renda, taxação sobre patrimônio, sobre
herança”, disse.
Futuro
Neri avaliou que a perspectiva de melhoria na
desigualdade é o pagamento de um novo Bolsa Família, que é importante para os
mais pobres, com um orçamento maior este ano, mas para os anos seguintes ainda
não está definido.
Ainda na redução de impactos da desigualdade, o professor
citou a volta do Minha Casa, Minha Vida, reincluindo a população da faixa 1,
que tem rendimentos menores. “Tem essa agenda social na base que é importante e
determinante da desigualdade”, disse.
Com informações: ND +, com informações da Agência Brasil