Santa Catarina conta com 14 polos industriais com inserção
internacional. O número reflete a competitividade catarinense e a ousadia dos
empreendedores do estado, que empata com Paraná e Rio Grande do Sul no número
de arranjos produtivos com potencial exportador. De acordo com o estudo dos
Polos Industriais de Referência, realizado pelo Observatório Fiesc, em
colaboração com a Rede de Observatórios do Sistema Indústria e a Confederação
Nacional da Indústria, os estados do Sul ficam atrás apenas de São Paulo.

Entre os 14 polos internacionais identificados em SC estão
contemplados sete segmentos: madeira e móveis; papel e celulose; veículos,
embarcações e aeronaves; máquinas e equipamentos; equipamentos elétricos;
alimentos e bebidas e minerais não metálicos. A indústria de madeira e móveis é
a que tem a maior inserção no exterior, com cinco polos internacionais, em
diferentes mesorregiões do estado: Oeste, Norte, Vale do Itajaí, Serra e Sul.
Em termos regionais, a mesorregião Norte Catarinense lidera
o ranking, com quatro polos internacionais, nos setores de papel e celulose,
máquinas e equipamentos, equipamentos elétricos e madeira e móveis.
Mesorregião Oeste concentra dois polos industriais com forte
inserção internacional
A mesorregião Oeste de Santa Catarina reúne dois polos
industriais com forte inserção internacional: alimentos e bebidas e madeira e
móveis. Em 2024, do US$ 1,45 bilhão exportado pela região, US$ 638 milhões
vieram do polo de alimentos e bebidas, enquanto o segmento de madeira e móveis respondeu
por US$ 385,9 milhões. Os dados fazem parte de levantamento do Observatório
Nacional da Indústria, em estudo conduzido pelo Observatório Fiesc, que mapeou
as concentrações produtivas estratégicas do país.
“O desempenho dos dois polos internacionais reforça a
relevância econômica da mesorregião Oeste para Santa Catarina, evidenciando
cadeias produtivas consolidadas, com elevada capacidade exportadora, geração de
empregos e integração competitiva aos mercados internacionais”, explica o
presidente da Fiesc, Gilberto Seleme.
A mesorregião Oeste abriga 11,4 mil indústrias, inseridas em
um universo de 50,2 mil estabelecimentos, e emprega 190,9 mil trabalhadores na
indústria, de um total de 437,3 mil empregos formais. Chapecó lidera em número
de trabalhadores industriais, com 38,39 mil empregados, seguida por Caçador
(13,9 mil) e Concórdia (11,7 mil). Em número de estabelecimentos industriais,
Chapecó também se destaca, com 2,4 mil indústrias, à frente de Concórdia (662)
e Caçador (460).
Alimentos e Bebidas
O polo internacional de alimentos e bebidas é o maior da
região em valor exportado. Com 1.023 estabelecimentos e 85,3 mil empregados, o
segmento tem como principais produtos exportados a carne suína, que somou US$
367 milhões em vendas externas em 2024, carnes de aves (US$ 129,4 milhões) e
outras preparações de carnes (US$ 74,4 milhões). Os principais destinos das
exportações foram Chile, com US$ 118 milhões, Filipinas, com US$ 95,5 milhões,
e Japão, com US$ 79,6 milhões.
Destacam-se entre as exportadoras a Aurora Coop, que vende
seus produtos para mais de 80 países. Em 2024, a cooperativa respondeu por
21,6% das exportações brasileiras de carne suína e por 8,4% das exportações de
carne de frango, sendo um dos grandes destaques na produção nacional. O presidente
da cooperativa, Neivor Canton, explica que a expansão internacional é
prioridade nos planos estratégicos da Aurora. Em maio de 2025, a cooperativa
inaugurou sua primeira unidade na China, um escritório comercial focado nos
negócios envolvendo carne de suínos e de aves com a China. A expectativa é
ampliar o atendimento para Hong Kong, Vietnã e outros países do sudeste
asiático.
A MBRF é outra grande exportadora da região. A unidade de
Chapecó é a maior produtora de perus do estado, exporta peru, frango e
empanados para mais de 50 países. As plantas de Concórdia e Herval d’Oeste
exportam cortes suínos. A partir da unidade de Videira, exporta carnes de aves
também para o Oriente Médio.
Madeira e móveis
Já o polo de madeira e móveis reúne 1.263 estabelecimentos e
emprega cerca de 21 mil trabalhadores. As exportações do segmento alcançaram
US$ 385,9 milhões em 2024, impulsionadas principalmente por obras de
carpintaria (US$ 146,5 milhões), móveis (US$ 83,3 milhões) e madeira em forma
(US$ 54,9 milhões). Os Estados Unidos foram o principal mercado comprador, com
US$ 240,5 milhões, seguidos por Reino Unido (US$ 17,4 milhões) e França (US$
15,9 milhões).
“A indústria de móveis e madeira do Oeste é tecnológica e
sua produção é sustentável, com processos que reaproveitam toda a madeira usada
como insumo. A proximidade com o setor florestal é um diferencial competitivo
importante”, destaca Seleme, que também é empresário do ramo.
Destacam-se entre as exportadoras do segmento de madeira a
Frameport, a Guararapes (unidade de Caçador) e a Adami. A Frameport destaca-se
na exportação de portas para mercados como o norte-americano. A Adami conta com
clientes em mais de 25 países, entre eles nos Estados Unidos, Canadá, Europa,
África, Israel e Arábia Saudita. A unidade da Guararapes em Caçador é a maior
produtora de MDF das Américas, com três linhas de produção.
Entre as moveleiras o protagonismo fica com empresas como a
Móveis Henn, que exporta móveis populares, a Temasa, que tem entre seus
clientes de móveis de madeira maciça a descolada IKEA. A Sollos, fabricante de
móveis de alto padrão de Princesa, tem 120 prêmios de design, muitos
protagonizados por Jader Almeida, designer reconhecido internacionalmente.