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História de Caçador


1800

Muito antes de Caçador se tornar município, a região do Alto Vale do Rio do Peixe era uma grande floresta de mata fechada. Os primeiros habitantes, depois dos índios, chegaram no início do século XIX. Eram caboclos oriundos da miscigenação de portugueses e espanhóis com os nativos Kaigang e Xokleng.

Conhecidos como mateiros, esses caboclos viviam da própria subsistência através da extração da erva-mate, pinhão e pequenas criações de animais.


Caboclo
 

Enquanto isso, regiões vizinhas como Campos Novos e Nossa Senhora dos Prazeres das Lages ao sul, e São João de Cima, Irani e Palmas ao norte, viviam pleno desenvolvimento devido a sua geografia privilegiada para a criação de gado e cultivo de grandes plantações, principais atividades econômicas da época.

Localizada no meio dessas regiões de campos, Caçador acabou se tornando rota de passagem de tropas que faziam o caminho Rio Grande do Sul - São Paulo.

“Sendo o caminho principal de tropas Lages – Santa Cecília – Mafra, onde atualmente é a BR 116, Campos Novos – Caçador – Palmas tornou-se uma rota secundária. Como mostram antigos documentos, acredita-se que a região de Caçador era um dos poucos lugares em que o Rio do Peixe permitia fácil passagem das tropas. Segundo alguns mapas da época, esses pontos de travessia eram onde hoje se encontra a Ponte de Madeira Antônio Bortolon e na Vila Kurtz”, destaca o historiador Julio Corrente.

1850

Outra parte da população chegou depois de 1850, quando a Lei das Terras viabilizou a instalação de pequenas e médias propriedades. Distante das duas capitais, Florianópolis de um lado, e Curitiba do outro, a região teve lento desenvolvimento. As vilas e fazendas eram ligadas por estradas abertas pelos tropeiros na mata.

Francisco Corrêa de Mello

Em 1881, o município de Campos Novos se dá conta da importância dessa região e incentiva Francisco Corrêa de Mello a garantir as posses das terras devolutas do Alto Vale do Rio do Peixe. Uma das particularidades a ser levada em consideração é que, neste mesmo ano, essas terras passam do domínio de Curitibanos para o de Campos Novos. Juntamente com a esposa e 10 filhos, Corrêa de Mello funda a Fazenda Faxinal do Bom Sucesso.

“Registros mostram que a sede inicial da fazenda era onde hoje se localiza a parte alta do Bairro Berger”, revela o professor Gerson Witte.


Francisco Corrêa de Mello

Sem condições de promover o desenvolvimento da região, por ser uma mata fechada, Corrêa de Mello passa a viver da própria subsistência, mais precisamente da caça, com o objetivo apenas de manter a posse das terras.

Em 1887 Pedro Ribeiro e, em 1891, Tomaz Gonçalves Padilha, vieram pra região. Este último era cunhado de Corrêa de Mello e se estabeleceu na região onde hoje é o Distrito de Taquara Verde.

Estrada de Ferro

Em 1907 a Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande do Sul começa a ser construída em território catarinense. Margeando o Rio do Peixe, os trilhos chegam à Fazenda Faxinal do Bom Sucesso onde se fez necessária a construção de uma ponte para a passagem do trem sobre o rio que naquela época chamava-se Rio Lajeado do Simeão.


Ponte de ferro 1909

Uma particularidade a ser observada é que justamente nesta parte da história pode ter surgido o nome “Caçador”. Embora não se tenha nenhum registro oficial, acredita-se que a construção da ponte sobre o Rio Lajeado Simeão trouxe inúmeros engenheiros e operários para a região, encontrando aqui o dono das terras, Corrêa de Mello.

Exímio caçador de pacas, antas e veados, ele passou a vender a carne e pele dos animais para os trabalhadores da ponte, sendo que o local ficou conhecido popularmente como o “Rio do Caçador”. Posteriormente foi inaugurada a Estação Ferroviária que levou o nome de “Estação Rio Caçador”.

Década 10 – Estação Ferroviária de Rio Caçador

Com a inauguração em 5 de maio de 1910 da Estação Ferroviária de “Rio Caçador”, começam a chegar os primeiros imigrantes, a maioria descendente de italianos e alemães vindos do Rio Grande do Sul em busca de terras férteis e baratas. Porém, o processo de colonização é de certa forma interrompido pela ocorrência da Guerra do Contestado (1912 – 1916).

Após esse período de conflitos, outros colonizadores de origem européia foram estabelecendo ao longo dos trilhos na então Vila de Rio Caçador como poloneses, ucranianos, espanhóis e portugueses. Do oriente médio vieram os sírio-libaneses. Em 1918, instalou-se a primeira agência postal e no mesmo ano a primeira serraria Tortatto-Gioppo.

Década de 20 – Colonização

Na década de 20 mais imigrantes chegam à próspera Vila Rio Caçador que tem na estrada de ferro seu principal atrativo. Na economia surgem as primeiras serrarias que se instalam nas proximidades dos trilhos e passam a explorar a madeira nativa encontrada em abundância na região.

No campo os agricultores começam a desenvolver plantações de trigo e uva. Em 1923 a localidade é elevada à condição de Distrito pertencente ao município de Campos Novos, através da lei municipal n° 289, de 9 de janeiro.

1924 – Ponte de Madeira

Em 1924 é construída a Ponte Coberta de Madeira sobre o Rio do Peixe ligando o Distrito de Rio Caçador com o Distrito de Santelmo, este último pertencente ao Estado do Paraná, mais precisamente ao município de Porto União da Vitória.

Iniciativa do empresário Antônio Bortolon, auxiliado pelas famílias Sorgatto, Ferreira e Bento, a Ponte de Madeira foi de fundamental importância para o desenvolvimento de Caçador, pois a união entre os dois distritos formou uma mesma cultura entre os moradores, fato que posteriormente contribuiu para a formação de um único município.

Com todo esse progresso os dois lados passam a se desenvolver paralelamente. Há o interesse na venda de terras e os primeiros lotes comercializados são no Santelmo. “Este fato pode ser observado até hoje, pois neste lado se encontram os bairros mais antigos da cidade como Bairro dos Municípios e Sorgatto. Até mesmo a presença de agricultores de origem italiana é quase que predominante na margem direita do Rio do Peixe”, comenta Corrente.

Já no lado Rio Caçador, onde atualmente é o Centro da cidade, Francisco Corrêa de Mello divide as suas terras em lotes e passa a negociá-las principalmente para serrarias e comerciantes. Até hoje se percebe que a grande maioria desses estabelecimentos está localizada na margem esquerda do Rio do Peixe.

Em 1928, o distrito de Santelmo torna-se território catarinense quando passa a pertencer a Porto União.

A partir daí muitos estabelecimentos comerciais se instalaram na Rua José Boiteux e no Santelmo.

1928 - Colégio Aurora

Em 1928 o casal Dante e Albina Mosconi funda no Santelmo o Colégio Aurora, outro marco de extrema importância para a colonização e desenvolvimento de Caçador. O método de educação do Colégio Aurora era referência em todo o Estado, sendo que famílias de todas as regiões traziam seus filhos para estudar aqui.

A década de 20 termina com mais dois grandes marcos. Atílio Faoro constrói a 1ª Usina Hidrelétrica em Caçador em 1929, e no mesmo ano é fundado o Tiro de Guerra.

Década de 30 – Emancipação

Para vencer a resistência de Campos Novos pela independência, Caçador em 1932 passa a pertencer ao município de Curitibanos, para dois anos depois, conquistar a emancipação política-administrativa. Em 22 de fevereiro de 1934, foi criado o município de Caçador, através do decreto estadual n° 508, que diz:

Fica criado o município de Caçador e o território constituído dos distritos de: Santelmo, Taquara Verde e parte de São João dos Pobres, desmembrados de Porto União; Rio Caçador, de Curitibanos; Rio das Antas, de Campos Novos e São Bento, de Cruzeiro.

Artigo dois: A sede do novo Município será constituída pelos povoados de Rio Caçador e Santelmo, que se denominará “Caçador”.

Em 25 de março de 1934, o primeiro prefeito, Leônidas Coelho de Souza, é empossado, sendo então, realmente estabelecido o município de Caçador.
Antes disso, em 1933, faleceu Francisco Corrêa de Mello com 110 anos, deixando 12 filhos, 96 netos e mais de 200 bisnetos.

Com a emancipação, Caçador começa a criar condições que implica na chegada de mais colonos e indústrias. Instituições como comarca, cartório, delegacia, prefeitura e bancos dão uma estrutura para o município que começa a crescer com a criação da Escola Estadual Paulo Schieffler em 29 de maio de 1934. Em 5 de novembro do mesmo ano, Caçador passa a ser sede da comarca.

Em 1935, iniciam as instalações da Paróquia São Francisco de Assis e do Instituto do Trigo (Atual EPAGRI). Já em 1939 surge o Jornal A Imprensa.

Na área da Saúde, foram criados os hospitais São Luiz, em 1935, e São Francisco em 1938.


Hospital São Francisco

Descoberto petróleo em Caçador, no distrito de Taquara Verde, por Solon Coelho de Souza.

Instalação do Colégio Nossa Senhora Aparecida pela congregação das Irmãs de São Jose;

Polêmica com o nome

Um fato curioso no início da década de 40, narrado por Domingos Paganelli, foi que uma Lei Federal da época, dizia que, não poderia existir dois nomes iguais para municípios brasileiros, sendo que o nome Caçador já existia em um município do estado de São Paulo. Segundo a Lei, o município mais velho ficaria com o nome, sendo então cogitada a mudança do nome de Caçador, em Santa Catarina.

A sugestão para uma nova nomenclatura veio de Manoel Siqueira Bello. Caçanjurê seria o nome do município. Domingos Paganelli sugeriu que fosse consultado o departamento de Geografia e Estatística do Governo Federal, a fim de comprovar que o nome estava vinculado à criação da estação ferroviária Rio Caçador, inaugurada em 1910. Assim feito, foi comprovado que Caçador, em Santa Catarina, tinha o nome há mais tempo, fato que estabeleceu definitivamente o nome.

Década de 40 – Capital Brasileira da Madeira

Na década de 40 o setor madeireiro torna-se a marca de Caçador para o mundo, que fica conhecido como o maior produtor de pinho da América do Sul, e a Capital Brasileira da Madeira. Calcula-se que nesta década foram mais de 4,5 milhões de pinheiros serrados sendo 70 mil dúzias de tábuas por mês.

Outro reconhecimento alcançado por Caçador foi o de maior produtor de vinhos de Santa Catarina, título que durou até 1944 quando Caçador cedeu os distritos de Vitória e São Luiz para a criação do município de Videira.

No entanto, conseqüências indiretas da 2ª Guerra Mundial (1939 – 1945) impedem um progresso maior em questão de infra-estrutura no município de Caçador, que viria a ter seu auge de desenvolvimento na década seguinte.

Outros acontecimentos importantes da década:
1941 – Criação da ACIC – Associação Comercial e Industrial de Caçador;
1944 – Construção da nova Estação Ferroviária em Alvenaria;

1947 – A primeira Igreja Evangélica “Assembléia de Deus” é inaugurada em Caçador pelo pastor Sr. Inocêncio Marchiori;
1947 – Inaugurado o primeiro cinema em Caçador;
1948 – Inauguração Rádio Caçanjurê.

Década de 50 – Desenvolvimento

Os anos 50 foram mais expressivos para o desenvolvimento de Caçador, que ainda recebe varias famílias vindas de diversos lugares. Na agricultura a produção de trigo e uva, facilmente escoada pela estrada de ferro, atinge seu auge e começa a gerar lucro bastante significativo. O ramo madeireiro continua predominante com cerca de 200 serrarias existentes na cidade nesta época. A maioria da madeira utilizada na construção de Brasília, entre 1957 e 1960, é proveniente de Caçador.

A Catedral São Francisco de Assis é inaugurada em 1959, depois de 20 anos de construção.  São implantadas três agências bancárias, Banco Nacional do Comércio, Banco da Indústria e Comércio de Santa Catarina S/A e Banco Meridional da Produção S/A. A população, de pouco mais de 15 mil habitantes, já tinha a sua disposição uma agência dos Correios e as principais ruas da cidade estavam sendo calçadas.

Outros acontecimentos importantes da década
1953 - Criado o distrito de Macieira;
1957 - Inaugurado em dezembro o Hospital de Caridade e Maternidade Jonas Ramos;
1958 - Caçador cede os distritos Rio das Antas e Ipoméia para o município de Rio das Antas
 

Década de 60 – Crise na madeira

Na década de 60 os madeireiros perceberam que a reserva natural da floresta de pinhais no município estava esgotando-se e que não tardaria muito para a crise do ramo madeireiro. A partir daí algumas indústrias despontam em outros ramos de mercado, como couro e metal mecânico.

A ponte da avenida que liga o Santelmo com o centro de Caçador é inaugurada em 1960, mesmo ano da inauguração do Aeroporto Municipal Carlos Alberto da Costa Neves. Em 1964 Osvaldo Olsen fabrica o primeiro trator genuinamente brasileiro, acelerando assim, o desenvolvimento na área de máquinas.

1964 - Inaugurada as novas instalações do Colégio Marista Aurora;
1968 - Caçador fica como sede diocesana. Seu primeiro bispo foi Octacílio Dotti, (D. Orlando Dotti);
1967 – Inaugurada a Praça Nossa Senhora Aparecida;

1968 - Dia 6 setembro é inaugurado pelo prefeito Jucy Varella prédio próprio da  Prefeitura;

Década de 70 – Alternativas

Na década de 70 a crise do ramo madeireiro foi sentida e a floresta de araucárias não era mais abundante. Com a devastação em todo território do município, muitas serrarias aos poucos foram falindo.

Outras começaram a investir no reflorestamento de pinus mesmo que ainda este tipo de árvore fosse desacreditada pela maioria por ser uma madeira “fraca”. O primeiro neste processo é Primo Tedesco que mais tarde recebeu o título de comendador da árvore.

A Indústria Sulbrasileira de Calçados S/A (Sulca) é fundada em 1975, pelo grupo Berger e ajuda no crescimento econômico da cidade. Já em 1971, é inaugurada a Fundação Educacional do Alto Vale do Rio do Peixe (FEARPE), passando para Universidade do Contestado e agora, a atual Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP), tornando-se um marco para a educação superior em Caçador.

Em 1976, inicia a construção do hospital Maicé e em 1978, os Jogos Abertos de Santa Catarina são realizados em Caçador.

Década de 80 - Mais alternativas (Pinus e Tomate)

No início desta década, a empresa Sulca estava no auge de sua produção e gerava em torno de 3.500 empregos diretos e indiretos. Inúmeros ateliês surgiram na cidade e em municípios vizinhos. “A Sulca iniciou sua decadência em 1988 porque teve problemas administrativos e não soube acompanhar a política e mercado mundial, vindo a fechar as portas em 1991 e causando um desemprego em massa no município”, declara Júlio Corrente.

No ramo madeireiro, com leis ambientais mais exigentes o Ibama passa a fiscalizar as serrarias. O reflorestamento do pinus foi a solução encontrada vindo a cobrir esta lacuna e tornado-se a salvação de algumas madeireiras que absorvem o reflorestamento.

Com o início do corte das áreas reflorestadas as indústrias começam a beneficiar a madeira produzindo móveis, papel e papelão.

Enchente

No ano de 1983, ocorre o maior dos desastres naturais em Caçador. A enchente afeta várias famílias e deixa a Cidade isolada por algum tempo. Pontes foram carregadas, inclusive a Ponte Coberta de Madeira,, que foi reconstruída em 1985.

Tomate

Com a chegada dos japoneses na década de 70, a técnica da produção do tomate – também produziam pêssego, ameixa e flores - foi assimilado pelos agricultores locais. A partir da década de 80 o tomate passa a fazer parte significativa da economia de Caçador chegando a ser o maior produtor do Sul do Brasil.

Outro setor em que Caçador se destaca nesta década é nos transportes. O pouco investimento na malha ferroviária e a construção de trechos de asfalto (Caçador – BR 116 em 1976, Caçador – BR 153 em 1983 e Caçador – Videira em 1985) incentiva ainda mais a prestação de serviços de transporte e destacam-se empresas como Reunidas e Transrodace.
 
Década de 90 – Exportação

Nos anos 90, a indústria tem um crescimento acelerado novamente, sendo que as madeireiras passam a exportar mais, colocando Caçador com um dos principais exportadores de Santa Catarina. Na agricultura o tomate passa a ser o principal produto agrícola cultivado. Destaque para o setor de confecções e a área plástica que começa a despontar, esta última impulsionada pela criação da empresa Maxiplast em 1988.

O comércio também se fortalece e lojas de fora começam a se instalar e investir em Caçador. “Na minha visão este foi um marco significativo que além de aumentar a oferta de produtos, mudou o pensamento dos comerciantes locais levando-os a investirem em novidades”, diz Corrente.

O trânsito passa por várias melhorias e novas indústrias de pequeno e médio porte surgem. Um dos fatos negativos é a paralisação definitiva do transporte ferroviário, deixando somente na memória, até hoje, trilhos abandonados e peças no Museu do Contestado.

2000 – Novas Perspectivas

O ano 2000 começa com modificações profundas na economia caçadorense. Muitas empresas começam a sua recuperação da enorme quebra que atingiu todo o país. Somado a isso, beneficiam-se pela fragilidade da Argentina, acometida por uma imensa crise, liberando o mercado exportador.

O tomate tem os seus altos e baixos, sendo que no início da década, os produtores conseguem obter preços ótimos. Contraposto a isso, são surpreendidos posteriormente com uma enorme produção de São Paulo e Goiás, o que quebra muitos produtores.

Com a alta do dólar, as empresas são beneficiadas com as exportações, principalmente da madeira, o que vem sendo diminuído com o tempo, chegando a hoje, em 2008, com muitas indústrias dispensando funcionários pela baixa da moeda americana.

Por outro lado, a abundância de matéria prima, como a madeira de reflorestamentos, faz com que novas e grandes empresas demonstrem interesse em se instalar em Caçador. Um exemplo é a indústria de compensados de madeira Guararapes, que está com as obras adiantadas no recém criado Parque Industrial, e deve começar a funcionar ainda em 2008.

Com os incentivos para se implantar pequenas empresas, começam a surgir as micro, que geram diversos postos de empregos. Isso impulsiona ainda mais a economia de Caçador, que chega, em 2004, a ser a 14ª economia do Estado.

Com o aumento das compras, muitas lojas de grandes redes começam a investir em Caçador. Depois da saída da Berlanda, que volta em 2007, o Ponto Frio vem ser uma das primeiras a abrir as suas portas.

A maior de todas, a Casas Bahia, trabalha por pouco mais de um ano em Caçador, mas fecha as suas portas por causa da inadimplência. Mesmo assim, outras lojas importantes, como a Magazine Luiza e a já conhecida dos caçadorenses, Pernambucanas, instalam-se aqui, oferecendo grandes oportunidades de emprego e compras. A última instalação de peso foi da rede de supermercados Super Pão.

Hoje, o crescimento da cidade é visível em todos os cantos, com a construção civil em alta, o movimento intenso de pessoas e veículos. A educação também foi sendo priorizada, com a instalação de novas escolas, a criação da UNIARP e a vinda do Centro Federal de Ensino Tecnológico (Cefet), uma das lutas das entidades caçadorenses.

No esporte, destaque para o time de futsal feminino que trouxe diversas conquistas a nível nacional para Caçador. Além destes, o Caçador Atlético Clube, que fez reavivar o futebol de campo no município e a importante colaboração do Colégio Marcos Olsen na implantação das escolhinhas de base.

Texto: Murilo Roso e Rafael Seidel
Colaboração: Júlio Corrente e Gerson Witte.
Fotos: Arquivo Municipal

Guerra do Contestado

A disputa travada entre as províncias do Paraná e Santa Catarina, pela área localizada no planalto meridional entre os rios do Peixe e Peperiguaçu, estendendo-se aos territórios de Curitibanos e Campos Novos era antiga, originada antes mesmo da criação da província do Paraná, em 1853, permanecendo em litígio até o período republicano.

Em 1855, o governo da província do Paraná desenvolvia tese de que a sua jurisdição se estendia por todo o planalto meridional. Daí em diante, uma luta incessante vai ter lugar no Parlamento do Império, onde os representantes de ambas as províncias propunham soluções, sem chegar a fórmulas conciliatórias.

Depois de vários acontecimentos que protelaram as decisões - como a abertura da "Estrada da Serra" e também a disputa entre Brasil e Argentina pelos "Campos de Palmas" ou "Misiones" - o Estado de Santa Catarina, em 1904, teve ganho de causa, embora o Paraná se recusasse a cumprir a sentença.

Houve novo recurso e, em 1909, nova decisão favorável a Santa Catarina, quando, mais uma vez, o Paraná contesta. Em 1910, o Supremo Tribunal dá ganho de causa a Santa Catarina.

A Guerra do Contestado e as operações militares

A região contestada era povoada por "posseiros" que, sem oportunidade de ascensão social ou econômica, como peões ou agregados das grandes fazendas, tomavam, como alternativa, a procura de paragens para tentar nova vida.

Ao lado desses elementos sem maior cultura - mas fundamentalmente religiosos, subordinados a um cristianismo ortodoxo - vão se congregar outros elementos como os operários da construção da Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande, ao longo do vale do rio do Peixe.

Junto a esta população marginalizada, destaca-se a atuação dos chamados "monges", dentre os quais o primeiro identificado chamava-se João Maria de Agostoni, de nacionalidade italiana, que transitou pelas regiões do Rio Negro e Lages, desaparecendo após a Proclamação da República.

Após 1893, consta o aparecimento de um segundo João Maria, entre os rios Iguaçu e Uruguai. Em 1987, surge outro monge, no município de Lages. Em 1912, em Campos Novos, surge o monge José Maria, ex-soldado do Exército, Miguel Lucena de Boaventura, que não aceitava os problemas sociais que atingiam a população sertaneja do planalto.

O agrupamento que começou a se formar em torno do monge, composto principalmente de caboclos saídos de Curitibanos, se instala nos Campos do Irani. Esta área, sob o controle do Paraná, teme os "invasores catarinenses" e mobiliza o seu Regimento de Segurança, pois esta invasão ocorre, justamente, naquele momento de litígio entre os dois Estados.

Em novembro de 1912, o acampamento de Irani é atacado pela força policial paranaense e trava-se sangrento combate, com a perda de muitos homens e de grande quantidade de material bélico do Paraná, o que fez desencadear novos confrontos, além do agravamento das relações entre Paraná e Santa Catarina.

Os caboclos vão formar, pela segunda vez, em dezembro de 1913, uma concentração em Taquaruçu, que se tornou a "Cidade Santa", com grande religiosidade e, na qual, os caboclos tratavam-se como "irmãos". Neste mesmo ano, tropas do Exército e da Força Policial de Santa Catarina atacam Taquaruçu, mas são expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento.

Após a morte de outro líder, Praxedes Gomes Damasceno, antigo seguidor do monge José Maria, os caboclos se encontram enfraquecidos. No segundo ataque, Taquaruçu era um reduto com grande predomínio de mulheres e crianças, sendo a povoação arrasada.

Outros povoados, ainda, como Perdizes Grandes, seriam formados e diversos outros combates, principalmente sob a forma de guerrilhas, se travariam até que o conflito na região realmente terminasse.

Fonte: Governo de Santa Catarina