O acordeom, também chamado popularmente de gaita e sanfona, é um instrumento composto por fole, palhetas livres e duas caixas harmônicas. Dessa forma, há quem diga que o instrumento é três em um. Mas, sua complexidade não foi empecilho para que aos noves anos, o caçadorense, Felipe Granemann de Lima, iniciasse no instrumento, que virou paixão e profissão.
“Eu tive interesse quando vi o instrumento de brinquedo, que era do meu primo, era pra ele ser o acordeonista porque a mãe dele comprou com esse intuito, mas ele não teve interesse. Eu gostei, pedi emprestado e em casa comecei a fazer barulho”, recorda.
Quando o avô materno viu que o menino demonstrava interesse no instrumento, resolveu lhe incentivar. “Um dia na casa do meu avô, ele disse que sabia tocar, pegou o instrumento dele e mostrou o que sabia fazer, ali começou a história. Ver meu avô tocar me incentivou a querer tocar também”, conta.
A partir daquele dia, o avô de Felipe passou a lhe ensinar tudo o que sabia do instrumento. Mas, com o desprendimento e facilidade de uma criança, Felipe logo absorveu todos os ensinamentos do avô e teve de procurar um profissional para continuar aprendendo. “Com dez anos, eu tive a sorte de comprar um instrumento pela internet, de um homem que era professor lá em Carazinho (RS) onde tinha uma escola de música. Eu fui buscar o instrumento e comecei a fazer aulas com ele, ia uma vez por mês e fazia umas três horas, depois ficava o mês inteiro treinando as lições que ele me passava”.
Desde então, Felipe busca aperfeiçoamento constante. Após fazer as aulas em Carazinho (RS), o jovem foi à Caxias do Sul, onde teve a oportunidade de estudar o instrumento com aquele que havia sido professor de seu professor. No ano passado, o caçadorense conseguiu fazer uma especialização em Reggio Emilia, na Itália. “Mas a gente nunca sabe tudo. Ainda não é o suficiente, tenho muita coisa pra aprender”, ressalta.
Os dois meses em solo europeu já lhe abriram algumas portas. “O governo da Itália está possibilitando bolsas de estudos para especialização em acordeom para estudantes internacionais. Existe uma possibilidade de eu ir ainda esse ano pra lá de novo pra fazer uma faculdade. É um título que eu vou trazer pra cá, porque no Brasil não existe bacharel em acordeom, se isso acontecer vou ajudar muita gente que queira aprender”, afirma.
Com a faculdade, Felipe quer continuar dando aulas e fazendo concertos pelo mundo. “Eu tenho uma grande vocação para ensinar, quero poder passar o que eu sei pra quem tem interesse. Quero viver de música, não sobreviver como a maioria”.
Há alguns anos, Felipe dá aulas de acordeom. “Já passaram mais de 50 alunos por mim, dou aulas em casa. Como eu fui fora buscar o conhecimento, hoje têm pessoas de outros lugares que vem até mim”.
O acordeonista, que começou a aprender o instrumento com músicas do estilo regional (sertaneja e gaúcha), hoje tem muita influência da música clássica e música popular europeia.
Seu avô, primeiro professor e grande incentivador do neto, tornou-se fã número um. “Em todo lugar que eu vou tocar ele vai sempre junto, me incentiva muito”.
Participação no Faustão
Apesar de já ter passado seis anos, Felipe é constantemente lembrado por sua participação no quadro “De olho Nele”, organizado pelo maestro Caçulinha, no programa Domingão do Faustão.
“Felipinho”, como ficou conhecido desde então, participou duas vezes da atração, em 2009 e 2010. Para o músico, poder representar seu município a nível nacional foi uma ótima experiência. “Foi uma vitrine, as pessoas lembram muito disso. Tive visão em outros estados, surgiram propostas”, comenta.
Para conhecer o trabalho de Felipinho assista ao vídeo: