João Arthur Pereira é mais um entre tantos jovens talentos
descobertos pelo projeto Músicos do Contestado em Caçador. Mas além de ser
atraído pelo mundo da música, o caçadorense acabou passando de aluno para
professor, deixando orgulhosos os profissionais que comandam o projeto e também
sua família.

Em casa, ao lado dos pais Claudia Rodrigues Costa e
Elizandro Antonio Costa, o músico contou um pouco desta história, repleta de
sentimentos, dúvidas e decisões a serem tomadas.
João Arthur iniciou no Músicos do Contestado em 2018,
tocando flauta doce, sendo este o primeiro instrumento que os jovens possuem
contato quando entram para o projeto, juntamente com a musicalização em sala de
aula.
Em 2019 o jovem talento resolveu desistir do projeto, mas o
maestro Marcos Arcari e os pais de João Arthur não deixaram isso acontecer. Mas
no mesmo ano surgiu a pandemia de covid-19 e as aulas precisaram ser suspensas,
ocorrendo apenas de forma online.
Em 2021 com o retorno das atividades presenciais, João
Arthur mudou de instrumento, passando para o Euphonium, também conhecido como
Bombardino. As aulas na época eram ministradas pelo maestro na Escola Maria
Luiza Barbosa, no bairro Martello. Atualmente o projeto Músicos do Contestado
ensaia no auditório da Escola Esperança, também no bairro Martello.
E o músico caçadorense novamente trocou de instrumento,
passando do Euphonium para o Tromboni e depois foi para a Tuba. Com a saída de
um dos professores, João Arthur virou monitor de trompete, pois já demonstrava
muita habilidade em diversos instrumentos. Atuou três meses na musicalização de
novos alunos.
A mãe, Claudia, disse que sempre sendo possível acompanha os
ensaios e apresentações do filho. Os dois juntos lembraram de um episódio que
quase tirou João Arthur do projeto, quando Claudia descobriu um câncer em 2024.
O jovem pensou em sair do projeto para ficar ao lado da mãe para o que fosse
preciso, mas Claudia não deixou, e seguiu incentivando o filho a continuar.
Por outro lado, Claudia também comenta que atuar na música
com instrumentos de sopro, trouxe benefícios para a saúde de seu filho, já que
João Arthur é asmático e tinha crises constantes. O exercício com os
instrumentos auxiliou no fortalecimento das paredes pulmonares e agora o jovem
não possuía mais crises de asma, fazendo apenas uso da bombinha quando
necessário.
“A música aliviou a cabeça dele enquanto eu passava pela
doença e também contribuiu com a sua saúde. Ele está com pessoas certas no
lugar certo. É um orgulho para nós ver ele atuando no projeto. Onde há cultura,
só existem coisas boas”, declarou a mãe.
João Arthur também avalia positivamente toda esta
trajetória. “A música me fez pensar sobre meu estilo, sobre a vida e saúde
mental. O Brasil tem muitos estilos musicais, muitos pensamentos, e todos se
identificam com algum. A música muda a vida das pessoas".
O tempo passou e com o desligamento de outros professores, o
maestro Marcos Arcari convidou o jovem talento para se tornar professor do
projeto, o que se efetivou após o dia 16 de junho deste ano, quando João Arthur
completou 18 anos e pode assinar seu contrato de trabalho.
Atualmente ele atua no projeto Músicos do Contestado em
Timbó Grande nas segundas-feiras; nas terças e quartas com a banda sinfônica em
Caçador; na quinta-feira atua em Curitibanos em um outro projeto também
desenvolvido pelo Instituto Humaniza, sendo o Música e Transformação, que
também atua com jovens nas escolas. Nas sextas-feiras é a vez de João Arthur
ministrar aulas no Núcleo Rio Doce, em Lebon Régis; aos sábados pela manhã
ensina musicalização para jovens em Calmon e a tarde em Matos Costa. Uma semana
cheia de compromissos.
