A sede da Amarp, em Videira, recebeu na quinta-feira, 15, uma
mobilização regional promovida pelo Sebrae/SC em parceria com a Associação dos
Municípios do Alto Vale do Rio do Peixe (Amarp). O encontro reuniu gestores
municipais das áreas de agricultura, desenvolvimento econômico, técnicos
especializados, como veterinários, engenheiros agrônomos e profissionais da
vigilância sanitária, com o objetivo de alinhar estratégias do projeto Fortalecimento
da Agroindustrialização Regional. A iniciativa é considerada estratégica para
impulsionar a economia local por meio da valorização da produção agroindustrial
dos pequenos negócios da região. A proposta é ampliar o valor agregado dos
produtos, garantir segurança alimentar e permitir que os produtores
comercializem seus produtos além das fronteiras municipais, dentro da
legalidade.

Durante o encontro, o gerente regional do Sebrae/SC, Aloísio
Salomon, destacou que a principal limitação enfrentada hoje pelos pequenos
produtores é a impossibilidade de comercializar seus produtos fora dos limites
do próprio município, devido às exigências sanitárias e ao atual modelo de
inspeção municipal. “A intenção é fazer um trabalho conjunto entre os entes
municipais e entidades como Epagri, Cidasc e Senar para construir uma
alternativa, por meio de consórcios, que permita a comercialização entre
municípios vizinhos de forma legal, segura e menos burocrática”, explicou.
Segundo Salomon, essa mudança pode transformar a realidade de produtores que
vivem na divisa entre municípios e enfrentam barreiras para expandir seus
mercados. “A ideia é diminuir a burocracia, facilitar a venda dentro da
legalidade e ampliar o alcance comercial, garantindo segurança tanto para quem
vende quanto para quem consome”, completou.
A analista técnica do Sebrae/SC, Lizandra Medeiros,
contextualizou o projeto, que vem sendo estruturado há cerca de dois anos com
base em um diagnóstico inicial realizado em 2023. “Esse primeiro levantamento
já apontava uma realidade preocupante em relação à informalidade de negócios e
à ausência de adequações legais. E nosso segundo diagnóstico, mais aprofundado,
confirmou o desafio: encontramos um volume ainda maior de empreendimentos
informais”, revelou. Lizandra explicou que o projeto atua em cinco eixos
fundamentais: Qualificação do SIM; Apoio na Organização do Consórcio
Intermunicipal; Fortalecimento da Agroindústria Local com capacitações; Apoio e
acesso a mercado para esses empreendimentos; e Descarbonização, que é uma ação
voltada à sustentabilidade ambiental. “Nosso objetivo é fomentar o pequeno
negócio para que ele venda sem medo, de maneira simples e dentro da legalidade.
Queremos promover um ecossistema favorável ao crescimento de empreendedores
rurais e pequenas agroindústrias, com foco na legalidade, inovação,
sustentabilidade e geração de renda”, enfatizou.
O evento teve representantes de todos os municípios da Amarp,
contribuindo para a construção coletiva das próximas etapas do projeto, cuja
agenda já está sendo validada para execução ao longo de 2025 e 2026. Essa
mobilização em Videira sucede ao lançamento oficial do projeto realizado em
Caçador no início de abril, quando também foram apresentados os diagnósticos
regionais e iniciada a estruturação do plano de ação. O movimento é parte de
uma estratégia ampla do Sebrae/SC para posicionar a agroindustrialização como
eixo de desenvolvimento econômico, geração de renda e valorização das
potencialidades locais.
Para Lizandra Medeiros, a força da proposta está justamente
na articulação intermunicipal. “Essa construção coletiva, envolvendo cinco
associações de municípios, garante capilaridade, alinhamento técnico e soluções
duradouras para os desafios enfrentados na base da produção”, concluiu. Com o
engajamento das prefeituras e o apoio de entidades parceiras, o projeto
pretende consolidar um novo ciclo de oportunidades para o meio rural
catarinense, promovendo inclusão produtiva, legalização e expansão de mercados
para os pequenos produtores do Meio-Oeste.
Fotos: Fabiano Trindade