Os alunos que ingressarem no ensino médio a partir deste ano
vão se deparar com uma novidade. O novo ensino médio, aprovado numa lei de
2017, passa a valer a partir deste ano letivo e vai mudar gradativamente o
ensino em escolas públicas e privadas de todo o país.

Entre outros pontos, o novo formato prevê o aumento de
horas letivas anuais, uma mudança na grade curricular e até no
objetivo do próprio ensino médio.
O que antes poderia ser visto como uma preparação para o
ensino superior vai passar a ter um olhar voltado ao mercado de trabalho.
Isso porque a etapa de ensino será integrada a cursos técnicos que
farão o aluno deixar o ensino médio com um diploma de uma área específica.
Todas as escolas públicas e privadas terão que expandir
o tempo dedicado ao ensino médio já a partir deste ano. O tempo de aula
que era de, em média, 4 horas por dia, passará a 5 horas por dia. Com
isso, no final do ano, o aluno terá cumprido mil horas letivas anuais, um
aumento de 200 horas em comparação com o modelo anterior.
Até 2024, quando a primeira turma do novo ensino médio
deverá estar concluindo a fase de ensino, os alunos terão cumprido 3 mil horas
letivas.
A lei não determina, no entanto, se o cumprimento da carga
horária vai ser presencial ou à distância, mas a legislação permite que 30%
do ensino médio noturno e 20% do diurno seja ministrado remotamente.
No entanto, passar mais tempo na escola não vai ser uma
novidade. De acordo com o Censo da Educação Básica, do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 10,8% das
matrículas de ensino médio em 2019 foram registradas em instituições de tempo
integral.
A taxa foi maior na rede pública (11,7%) do que na rede
privada (4,8%). As duas redes registraram o aumento que já vinha sendo
observado desde 2015, quando a taxa total de matrícula em escola em tempo
integral era de 5,9%.
Nova grade curricular
Outra grande mudança do novo modelo de ensino médio que
entra em vigor neste ano é a grade curricular. As disciplinas
passarão a ser áreas do conhecimento, modelo já conhecido no Exame Nacional do
Ensino Médio (Enem) e outros vestibulares. São elas: linguagens e suas
tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas
tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas.

Estas áreas vão abranger todas as disciplinas que já são
trabalhadas em aula atualmente. Portanto, nenhuma delas será removida da
grade.
No novo modelo, os conteúdos serão trabalhadas de maneira
integrada nas salas de aula. Assim, assuntos de artes poderão ser trabalhados
junto aos conteúdos de história, por exemplo, integrando e relacionando duas
áreas distintas.
Esta parte da grade curricular vai ocupar 60% do total
de horas letivas, o equivalente a 1.800 horas, divididas entre 1º, 2º e 3º anos
do ensino médio. No entanto, somente conteúdos de português e matemática serão
trabalhados nos três anos letivos.
Projeto de vida
Mais uma novidade que passa a integrar o ensino médio em
2022 é o chamado “projeto de vida”. Este componente transversal será
oferecido nas escolas para ajudar os jovens a entender suas aspirações, num
estilo de orientação.
O objetivo é ajudar o aluno a compreender o que ele quer
para seu futuro, ao mesmo tempo que entende como a escola pode ajudá-lo a
alcançar esse objetivo. Isso deve ser refletido, por exemplo, na escolha da
eletiva que o estudante vai cursar.
Não é especificado se esta orientação deve ser feita por um
profissional especializado, como um psicólogo, ou se um professor ou
profissional da unidade de ensino será responsabilizado pela função.
Itinerários formativos
Outra grande novidade do modelo que pode ser aplicada em
2022 são os itinerários formativos. Eles serão optativos, escolhidos
de acordo com a vontade do estudante e da oferta da instituição. As
escolas podem oferecer as aulas já a partir deste ano, mas só serão
obrigatórias em 2023.