Um temido vulcão no Atlântico e que especialistas dizem
poderia provocar um grande tsunami do Brasil aos Estados Unidos em caso de
colapso numa grande erupção passou a chamar atenção dos cientistas nos últimos
dias por um aumento da atividade sísmica. O Plano Especial de Proteção Civil e
Atenção às Emergências de Risco Vulcânico das Ilhas Canárias (Pevolca) elevou o
nível de alerta de verde para amarelo, o que implica uma ação preventiva diante
de um risco moderado de atividade vulcânica em Cumbre Vieja, em Las Palmas, em
uma ilha entre as américas e a Africa.

O nível amarelo é o segundo dos quatro existentes e quando
acionado a população é orientada para que fique atenta a uma mudança na
situação, além de se intensificar a vigilância e monitoramento da atividade
vulcânica e sísmica.
No nível laranja, no terceiro nível, é decretado o alerta
máximo para fenômenos que precedem uma erupção iminente para, no vermelho,
notificar-se uma emergência de que há uma erupção em andamento.
La Palma experimentou um aumento significativo nos
movimentos sísmicos desde sábado, 11, acompanhando a tendência de alta desde
2017 e ganhou maior força desde 2020. Nos últimos dias, além de aumentar o
volume de movimentos sísmicos, sua intensidade aumentou com abalos que tiveram
magnitude superior a 3. A profundidade dos epicentros também diminuiu, em
média, de 30 para 12 quilômetros. Só ontem foram mais de 100 tremores e um teve
profundidade de apenas 4 quilômetros.
A atividade registrada desde sábado é mais intensa. O
Instituto Vulcanológico das Ilhas Canárias (Involcán), descreveu o movimento
como “uma mudança significativa” no vulcão Cumbre Vieja, ligada ao fenômeno
conhecido como intrusão magmática, um processo que ocorre dentro da crosta
terrestre em que o magma se aproxima da superfície. Os dados de emissão de
hélio-3, que determinam a atividade magmática, têm “o maior valor observado nos
últimos 30 anos”, de acordo com a avaliação do comitê Pevolca para o monitoramento
geoquímico de gases vulcânicos.
É ameaça para o Brasil
Um dos cenários hipotéticos em caso de grande erupção e
colapso do vulcão Cumbre Vieja é um grande tsunami que afetaria todas as áreas
costeiras banhadas pelo Oceano Atlântico, o que inclui todo o litoral do
Brasil, do Rio Grande do Sul ao Amapá. Por isso, pesquisadores prestam muita
atenção no vulcão de Las Palmas.
Em trabalho publicado pela Universidade Federal do
Paraná, Mauro Gustavo Reese Filho observa que o Oceano Atlântico não é famoso
pela sua capacidade de gerar tsunamis, mas que o vulcão ativo Cumbre Vieja
poderia ser o agente responsável por um evento desta natureza na região.
Segundo o pesquisador, a estimativa é que uma próxima erupção poderia
desestabilizar a encosta da ilha e gerar um tsunami que percorreria distâncias
transatlânticas e que atingiria praticamente todos os países banhados pelo
Oceano Atlântico.
“A partir da modelagem de tal evento, obteve-se a informação
que toda a costa brasileira será afetada. A possibilidade de ocorrência deste
evento por si só deveria ser razão para a prevenção de todo os tipos de danos
na costa brasileira, porém até o momento nada foi feito. A falta de informação
é a principal causadora deste problema, pois inclusive no meio geológico muitas
pessoas não sabem sobre tal fato”, pondera o autor.
“Toda a população costeira deve ser conscientizada, em
especial do Norte e Nordeste do Brasil, pois seriam os principais afetados, e assim
evitaríamos danos pessoais. Estudos mais recentes dizem que as chances de
ocorrência são remotas e longínquas, no entanto, o estabelecimento de sistemas
de alarme que possibilitam a evacuação de áreas é justificável quando se trata
de vidas humanas”, advertiu Resse em seu trabalho.
Com informações: Metsul