O anúncio do possível doping de Junior Cigano pegou o mundo do MMA de surpresa. O ex-campeão do peso-pesado do Ultimate, que se preparava para enfrentar o camaronês Francis Ngannou em Edmonton, no Canadá, no dia 9 de setembro, no UFC 215, foi notificado pela Usada (Agência Antidopagem dos Estados Unidos) por uma possível violação das substâncias proibidas pela entidade. Em entrevista ao Combate.com, seus treinadores ainda não conseguiram digerir a notícia.
“Estou perplexo. A gente conhece ele desde garoto. Sabemos o quanto que ele lutou para estar aqui, como sofre para continuar, para manter as condições físicas. O Cigano mal usava suplemento! Tem pouco tempo que começou a tomar o mínimo, porque pedimos muito. O preparo dele é fruto de uma alimentação impecável, postura de campeão que ele sempre teve. Era só falar de anabolizante com ele que ele ficava uma fera. Era inaceitável para ele. Não é possível uma coisa dessas. Na condição física que ele está, ótimo, bem, sem lesão, é inacreditável isso acontecer”, declarou Yuri Carlton, que graduou Cigano à faixa-preta de jiu-jítsu, em 2012.
Um dos mais respeitados treinadores de boxe do mundo, Luiz Dórea, que acompanha Cigano desde seu surgimento, também falou sobre uma possível contaminação. Segundo ele, a quantidade apresentada na urina do lutador era a mínima para o positivo, o que reforça a hipótese.
“Não sabemos ainda o que houve. A substância apareceu numa quantidade muito pequena, o que nos faz ter praticamente certeza de que era alguma contaminação no suplemento que ele estava usando. Vamos aguardar a posição oficial até para sabermos exatamente o que houve. Pelas informações que temos do teste, foi a quantidade mínima, temos convicção de que é uma contaminação, pode ser até uma bactéria, não sabemos. Estamos aguardando a contraprova para termos certeza de que foi contaminação. Temos total certeza de que o Junior nunca usou nada. Cigano é muito íntegro. Ele apoia a Usada, nunca testou positivo em nenhum dos vários testes que fez, tem a preocupação em jogar limpo, na mensagem que isso passa aos fãs, aos jovens. É inacreditável isso estar acontecendo”, disse o técnico.
Enquanto aguarda a contraprova, o catarinense radicado na Bahia segue sua rotina de treinos na American Top Team, na Flórida (EUA). Apesar de ansioso, ele tem a consciência tranquila.
“Ele estava animado para a luta. Ele sempre fez tudo correto, estava muito bem fisicamente, sem lesão. Quando ele soube disso, me disse: "Mestre, não mereço isso, não é possível". Ele se cuida como poucos. Está um pouco ansioso, apreensivo para saber o que houve, o porquê disso tudo. Onde surgiu, enfim. Mas tem a consciência tranquila. Sabe que não usou nada. E eu posso garantir que ele nunca usou, também”, afirmou Dórea.
Outra grande preocupação do lutador, hoje conhecido em todo o mundo, é com sua imagem. Cigano sabe que é referência entre os jovens e fãs de MMA, e não escondeu sua tristeza com o anúncio do uso de uma substância proibida.
“O Cigano preza demais pela imagem dele. Sabe que influencia muitos jovens, muitas pessoas, que tem muitos fãs ao longo tempo. Preza demais por isso. Ele ficou muito preocupado com isso. É um cara que sempre fez questão de treinar mais, sofrer mais, se esforçar mais, tudo para não tomar nada. Ainda não consigo acreditar”, lamentou Carlton.