A Federação das Indústrias de SC (Fiesc) realizou nesta
segunda-feira, 28, a primeira reunião aberta do Comitê de Crise do Tarifaço dos
EUA. No encontro, realizado de maneira virtual, foi apresentada pesquisa para
medir os impactos potenciais da elevação das tarifas de importação de produtos
brasileiros pelos Estados Unidos para 50%. A partir de uma compreensão mais
profunda dos efeitos para a indústria e a economia catarinense, a Fiesc
pretende ampliar sua contribuição para políticas públicas para fazer frente à
situação.

“Estamos muito preocupados com o potencial impacto, porque
SC tem uma característica muito singular, com segmentos diferentes sendo
afetados em proporções distintas”, explicou o economista-chefe da Fiesc, Pablo
Bittencourt. Santa Catarina é o segundo estado com maior impacto negativo sobre
o PIB, de 0,31%, atrás apenas do Amazonas, explicou, segundo estudo da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Em SC, 22,2% da produção do setor
de produtos de madeira é exportada para os EUA. No setor de móveis, 12,1% do
que é fabricado têm os Estados Unidos como destino”, destacou, citando dois dos
segmentos que mais têm manifestado preocupação.
Embora algumas grandes exportadoras para o mercado
norte-americano possam readequar operações porque possuem estruturas fabris nos
Estados Unidos ou em outros países menos impactados, essa não é a regra geral.
A preocupação com o setor de madeira e móveis, por exemplo, se justifica porque
parte das indústrias com maior exposição estão em regiões onde o IDH é mais
baixo e eventuais reflexos no mercado de trabalho teriam consequências sociais
graves.
Em 2024, 15% das exportações de SC foram para os EUA. Na
região do Planalto Norte, no entanto, 42,5% de tudo o que é exportado tem como
destino aquele mercado, enquanto na Serra são 22,3%, no Centro-norte 24,9% e no
Alto Vale 23,7%.
A Fiesc já iniciou a articulação com o governo do estado,
que solicitou informações robustas para avaliar as ações propostas pela
entidade. Os exportadores podem responder ao questionário por meio do
link: https://forms.gle/PqhMfZVpm8wbXuSJ6
A mobilização das indústrias para responder às questões
elaboradas pela Fiesc junta-se a iniciativas já em andamento via Confederação
Nacional da Indústria (CNI), de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin
e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e à
articulação com o governo de SC.
Desafios
O industrial Leonardo Zipf destacou a dificuldade de
abertura de canais efetivos de negociação e manifestou preocupação com o
momento em que as novas tarifas serão cobradas, já que não se tem documentos
oficiais detalhando a medida norte-americana. Leandro Gomes, executivo da
Guararapes, destacou a importância da participação da indústria respondendo ao
questionário e sugeriu que a FIESC priorize soluções que aliviem o caixa das
empresas, propondo a liberação de créditos tributários para as exportadoras pelo
governo do Estado.