A Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de
SC (Fiesc) realizou nesta segunda-feira, 14, uma reunião emergencial com
industriais exportadores de Santa Catarina para esclarecer o que já se sabe
sobre os impactos da tarifa anunciada de 50% pelo governo
norte-americano.

A presidente da Câmara, Maria Teresa Bustamante, explicou
que embora se tenha conhecimento sobre a intenção de Trump de taxar produtos
brasileiros em 50%, ainda não foram publicadas informações oficiais pelo
Departamento de Comércio dos Estados Unidos.
O que já se sabe:
- Ainda
não existem detalhes oficiais sobre como as novas tarifas serão aplicadas,
se haverá isenções ou reduções setoriais.
- O
Departamento de Comércio dos EUA deve publicar, nos próximos dias,
informações esclarecendo esses pontos.
- A
aduana norte-americana também deverá publicar normas oficiais detalhando
quando e como as tarifas passam a ser cobradas. Uma das principais dúvidas
dos exportadores é qual data a aduana norte-americana vai considerar para
início da cobrança da nova taxa (a partir de 1 de agosto), se será a data
de embarque no Brasil ou a data de entrada nos Estados Unidos.
- Os
setores que estão sob investigação pela seção 232, como madeira e
derivados, minerais críticos e aeronaves, motores e autopeças, terão o
atual nível de tarifas mantido, até que a investigação seja
concluída.
- Para
o aço e alumínio, setores que já estão tendo sobretaxa após a investigação
da 232, não haverá cumulatividade. Neste caso, apenas a taxa já em vigor
de 50%.
- Automóveis
e peças de automóveis seguem taxados em 25%.
- Produtos
farmacêuticos serão taxados em 200%.
- Filmes
serão taxados em 100%.
- Semicondutores
serão taxados em 25% ou mais.
- Cobre
sofrerá taxação de 50%.
Principais setores afetados:
- Madeira
e produtos de madeira - em 2024, 37,3% das exportações de SC para os
Estados Unidos foram desse segmento. O setor está atualmente sob
investigação para medir o impacto das importações de madeira e seus
derivados sobre a segurança dos EUA - a chamada seção 232. Até o fim da
investigação, as tarifas estão mantidas nos atuais patamares.
- Veículos
automotores e autopeças - as exportações do ramo têm participação de 14,8%
no total das vendas externas catarinenses para os EUA. Hoje, estão
submetidos a tarifa de 25%.
- Equipamentos
elétricos - responsáveis por 13,3% das exportações do estado para os
Estados Unidos. Serão submetidos a tarifa de 50%.
- Máquinas
e equipamentos - responsáveis por 6,8% das vendas externas de SC para os
EUA. Serão submetidos a tarifa de 50%.
- Móveis
- responsáveis por 6,7% das exportações catarinenses para os EUA. O setor
também está submetido à investigação da seção 232.
A reunião trouxe ainda informações sobre os próximos passos
da Fiesc na defesa dos interesses dos exportadores do estado. O presidente da
entidade, Mario Cezar de Aguiar, tem reunião marcada para esta quarta-feira,
16, com o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento,
Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e com a Secretária de Comércio
Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, para tratar de tarifas. Além disso,
reúne-se com a CNI em Brasília para alinhar a participação da entidade no grupo
de trabalho a ser criado pelo governo brasileiro para debater o tema.
A presidente da Câmara também atualizou os industriais do setor de madeira e
derivados sobre o andamento da defesa brasileira na investigação da seção 232.