No debate sobre o descompasso entre os recursos enviados por
Santa Catarina a Brasília e o retorno que o estado recebe da União, fica um
sentimento que pode ser resumido parafraseando a peça de Nelson Rodrigues, que
intitula este artigo. Resultado do trabalho e esforço dos catarinenses, os
indicadores sociais diferenciados do estado, fazem com que ele seja “punido”
com uma contrapartida inferior na divisão da arrecadação nacional.

É uma injustiça contra a qual seguiremos nos insurgindo. Mas,
para além disso, temos que ter em mente que o sucesso do presente não garante
um futuro promissor. SC, em especial o novo governo, precisa atentar para uma
série de alertas eloquentes que deixam claro que, para nos mantermos no topo,
precisamos nos mobilizar e colocar em prática novas estratégias. Há muito tempo
a Fieesc chama atenção, insistentemente, para a necessidade de superar os
gargalos da infraestrutura, pré-condição para a competitividade. Nossas
rodovias precárias, problemas no fornecimento de energia e a constrangedora
cobertura de saneamento destoam de Santa Catarina.
Tem mais: uma série de outros indicadores precisam de mais
atenção, a começar pelo capital humano, fator-chave numa economia em que o
conhecimento e a inovação se transformaram nos diferenciais mais significativos.
Há exceções, mas entre 2007 e 2019, o desempenho dos estudantes catarinenses de
ensino médio ficou estagnado e decaímos do topo do ranking para a 18ª posição,
enquanto Pernambuco, Ceará e Piauí apresentaram grande avanço na qualidade da
educação básica.
Outros sinais amarelos se acenderam. No ranking da inovação,
em que ocupávamos a 2ª posição, caímos para a 4ª, agora atrás de RJ e RS. No
índice Gini, que mede a distribuição das riquezas, o PR nos ultrapassou e
alcançou o melhor resultado da região Sul.
Estes são alguns dos desafios postos ao governo do estado e
aos nossos representantes nos Legislativos estadual e federal. Estamos
convictos de que temos todas as condições de suplantar qualquer adversidade e
colocamos a Fiesc à disposição para contribuir na elaboração e execução das
estratégias necessárias para fazer frente a essa realidade. A história prova que temos todas as condições
para isso, pois a alma empreendedora é o maior patrimônio do catarinense, que é
exemplo de resiliência, coragem e protagonismo.