A empresa Guararapes vai investir, até 2023, R$ 1,2 bilhão
em ativos florestais em busca de aumentar a auto-suficiência em madeira da sua
produção de painéis. Os aportes serão destinados também à aquisição de
empresas, como de painéis de decoração, que contribuam para sua aproximação com
clientes finais, e à compra de alguma fabricante de “madeira engenheirada”, ou
seja, de estruturas de madeira para edificações.
Para parte do R$ 1,2 bilhão, a empresa captou R$ 475
milhões, em créditos verdes, pela modalidade Nota de Crédito à Exportação
(NCE), com Itaú BBA - R$ 250 milhões -, Bradesco - R$ 100 milhões - e Citi - R$
125 milhões. Oferecendo como contrapartidas manutenção das certificações das
fábricas referentes a toda a cadeia e o compromisso de compra de ativos
florestais certificados, a Guararapes pode captar os recursos a taxas mais
competitivas do que as de empréstimos tradicionais. Com o Itaú BBA, foi fechado
empréstimo a CDI mais 1,9%, com o Bradesco, a CDI mais 1,7%, e com o Citi, a
CDI mais 1,70%.
O restante para completar o aporte de R$ 1,2 bilhão será
financiado com a geração de caixa da Guararapes e com a captação de outras
dívidas, de acordo com o diretor de relações com investidores, Fabio Torres.
O valor de R$ 1,2 bilhão se soma aos R$ 800 milhões já
previstos pela Guararapes para quase dobrar sua capacidade instalada de painéis
de MDF até o fim do próximo ano. A nova linha será instalada no mesmo terreno
em que se concentra a produção, em Caçador (SC). Poderá haver captações futuras
de dívidas ou até mesmo oferta pública de ações (IPO) da empresa se as
condições de mercado permitirem, segundo o executivo.
Por enquanto, a parte dos recursos destinada aos
investimentos em infraestrutura para assegurar a expansão da capacidade tem
origem na geração de caixa. Já a parcela direcionada para a importação de
equipamentos da Alemanha, Suíça, Suécia e Bélgica é financiada por um banco
alemão de fomento.
Mesmo com a piora das condições macroeconômicas, a
Guararapes está mantendo seu cronograma de ampliação da produção de MDF. “A
cadeia continua desabastecida no mercado interno. Não está sobrando MDF”, diz o
diretor de relações com investidores. Para atender à demanda doméstica de seus
clientes, a empresa reduziu, neste ano, a fatia exportada de 20% para 13%.
“Operamos muito perto do nosso limite desde 2018. Este é um
produto maduro e independente das condições atuais de mercado”, diz o
executivo. Sem informar valores, Torres informa que, até a metade deste ano, o
faturamento da Guararapes superou o do acumulado de 2020, que havia sido
recorde.
A produção expandida será destinada aos mercados interno e
externo. Haverá fabricação de itens destinados, prioritariamente, a
exportações, além de produtos com especificações que ainda não fazem parte do
portfólio da Guararapes.
Com informações: Valor/G1