O juiz da Vara Criminal da Comarca de Caçador, Rodrigo Dadalt, proferiu no último dia 31 de agosto, sentença de pronúncia que submete a júri popular o réu Carlos José Corrêa, conhecido como Carlinhos da Pantera Negra. Ele está preso desde o dia 11 de dezembro de 2015, quando matou com um tiro no peito o técnico de futebol do Kindermann, Josué Henrique Kaercher.
Carlinhos será julgado, em data ainda não definida, por cinco crimes: homicídio duplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, cárcere privado, constrangimento ilegal e posse irregular de arma de fogo. Se condenado a pena máxima de cada um dos crimes, o réu pode pegar 67 anos de prisão.
Além do julgamento pelo Tribunal do Júri Popular, o juiz determinou ainda que o réu continue detido no Presídio Regional de Caçador. A defesa de Carlinhos deve ser feita por um advogado da Defensoria Pública.
O crime
Por volta das 11h da manhã de sexta-feira, 11 de dezembro de 2015, Carlos Corrêa invadiu armado o Hotel Kindermann onde eventualmente estavam alguns membros da diretoria do clube de futebol feminino que levava o nome do hotel.
Na sala estavam o presidente Salésio Kindermann, o vice Richard Kindermann, o técnico da equipe, Josué Kaercher, além de outros funcionários.
Carlos chegou no local uma sacola. Na sala de reuniões ele sacou um revólver, pegou uma garrafa de uísque, copo, gelo e cigarro. Ele tinha várias munições nos bolsos.
O homem passou a fazer ameaças e chegou a dizer que ninguém sairia vivo da sala. Ele tinha uma lista de nomes e pediu que mais pessoas ligadas ao clube fossem chamadas na sala.
Carlos efetuou um disparo contra Josué e atingiu o peito do técnico. Em seguida mirou contra o Richard e apertou o gatilho, mas a arma falhou. Neste momento, Richard entrou em luta corporal com o acusado e com a ajuda das demais pessoas conseguiu imobilizar o atirador.
Técnico Josué Kaercher (35 anos), campeão da Copa do Brasil de Futebol Feminino em abril de 2015, e assassinado em dezembro do mesmo ano
O atirador alegava que o ato era um acerto de contas por ele ter sido demitido da equipe. Carlinhos treinou o time sub 17 no início do ano, mas foi desligado depois que fez uma viagem com a equipe bêbado.
Josué foi socorrido pelos Bombeiros Voluntários, mas morreu ao dar entrada no Hospital Maicé.
Carlos foi preso no local e encaminhado à Delegacia onde foi lavrado o auto de prisão em flagrante. A arma usada também foi apreendida. Em revista pessoal, foram encotradas mais 50 munições intactas.
Alguns dias depois do homicídio, o Kindermann anunciou o encerramento das atividades. Naquele ano, o time de futebol feminino de Caçador havia conquistado o título da Copa do Brasil.