Promover debates e reflexões acerca do momento político em que vive o país foi o principal objetivo da assembleia popular realizada nesse domingo, 1° de maio, no pavilhão da comunidade do bairro São Cristóvão. A programação contou com apresentações culturais, depoimentos e manifestações de lideranças populares, religiosas, políticas e dirigentes dos movimentos sociais.
Sugerido pelo MST e organizado pelo Movimento Frente Brasil Popular, o evento reuniu diversos movimentos sociais, lideranças da região e aproximadamente cem pessoas do Assentamento Iratã Rodrigues, de Rio das Antas.
Vilson Santin, que faz parte da direção estadual e nacional do MST aproveitou a oportunidade para esclarecer algumas calúnias que foram propagadas na imprensa e, principalmente, nas redes sociais.
De acordo com ele, a ocupação da área de 1237 hectares que pertence à BRF Foods foi realizada de maneira totalmente pacífica e ao contrário dos boatos que surgiram, em nenhum momento houve a interferência da polícia ou de pistoleiros e capatazes. “Queremos esclarecer, pois saíram muitas coisas distorcidas, de que houve tiroteio, que nós expulsamos os caseiros, e que matamos a criação. Tudo isso é mentira e quem duvidar é só ir lá pra ver”, disse.
O líder afirma que já na chegada das famílias foi feito um acordo de respeito com os empregados da fazenda.
De acordo com Santin, a área está na dívida da União, sendo que os proprietários devem mais de 146 milhões de reais para a Fazenda Nacional. Conforme afirma, a presidente Dilma Roussef já baixou uma medida provisória explicando que o governo agirá arrecadando essas áreas em troca de parte das dívidas.
“Existe uma medida institucional, temos um grupo de trabalho formado e nós fizemos o acampamento lá com o objetivo de pressionar e sensibilizar o Incra e a Fazenda Nacional a darem andamento a essa tratativa, onde a devedora, que é a BRF, pode abater parte de suas dívidas cedendo essa área para fazer assentamento”, explica.
Em sua fala, Vilson também abordou a questão do impeachment. “Nós, à frente do MST e junto com a Frente Brasil Popular, estamos denunciando essa barbaridade que aconteceu no dia 17 de abril. Quem teve estomago de assistir até o fim conseguiu perceber a serviço de que e para quem estão lá a maioria dos deputados federais, um verdadeiro escárnio contra o Brasil, o povo brasileiro e a democracia”, afirmou.
Para ele, é preciso que os movimentos sociais e toda a sociedade estejam unidos contra o impeachment, o qual considera um ataque à Constituição.
“É um golpe sujo, vergonhoso e nefasto, que nós repudiamos com todas as nossas forças. Querem retirar a presidente por meio de um golpe institucional que está sendo nitidamente patrocinado pelo grande empresariado brasileiro com objetivos muito escusos, ilegítimos e preocupantes no sentido do ataque à constituição federal, à democracia, e de como estão tratando a presidente Dilma, que foi eleita democraticamente e legitimamente por mais de 54 milhões de pessoas, tem seu mandato garantido pela Constituição até 2018 e não há nenhum fato determinado que comprove algum crime de responsabilidade, que justifique o impeachment. Então, isso é um golpe, uma questão política, ideológica, do poder econômico e da burguesia brasileira que não sabe viver com as diferenças, que sempre teve esse padrão da intolerância, autoritarismo, visão golpista, mentalidade colonial e preconceituosa, e está estimulando nitidamente um ódio entre as classes”.
A vice-prefeita de Caçador, Luciane Pereira, também fez algumas considerações sobre o que está acontecendo atualmente no país. De acordo com ela, o momento é mais do que nunca de somar forças e lutar por todos os direitos já conquistados.
Emocionada, Luciane afirmou que o seu maior sentimento é não poder comemorar os direitos dos trabalhadores, em pleno 1° de maio.
“Hoje seria um dia de comemorarmos todas as nossas conquistas, porém estamos aqui lutando para que elas não acabem. Quem é jovem e não viveu a pós ditadura não consegue visualizar essa diferença, mas se hoje nós estamos na situação de conquistas é porque lá atrás alguém lutou por nós. Acredito que essa força por esse Brasil afora está aumentando a cada dia, porque quando assistiram aquela palhaçada de votação na Câmara, as pessoas começaram a perceber que nós não estávamos em paranoia, inventando um golpe. Em hipótese nenhuma eu vou deixar que sujem a minha história de luta e a de milhões de trabalhadores sem fazer nada. Lutarei até o fim pela democracia, não vai ter golpe!”, salientou.