A participação dos importados no consumo dos brasileiros chegou a patamar recorde no segundo trimestre de 2014. Estudo elaborado a cada três meses pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em parceria com a Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex), apontou que a fatia dos produtos estrangeiros atingiu 21,8%, crescendo 1,2 ponto percentual em relação ao mesmo período de 2013 e é a maior da série histórica, que começou em 2007. Na avaliação da CNI, com a desvalorização do real frente ao dólar, a tendência irá se reverter até o fim do ano. Mas analistas discordam: para a indústria brasileira, o pior pode ainda não ter passado.
Grande parte do estímulo ao consumo que houve no país nos últimos anos foi transferido para os importados. Por isso, a indústria cresceu pouco em comparação ao comércio. A indústria local começou a ser substituída por importados, não só em consumo final, mas em partes e peças utilizadas para montar os produtos brasileiros. Mas, com a desvalorização cambial, esses produtos importados encareceram e há um controle desse processo de substituição: aquele ímpeto de substituir produtos manufaturados nacionais por importados não existe mais.
Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, esse patamar não será suficiente para inverter a trajetória de aumento da participação dos importados no mercado interno. “ O câmbio como esta, ainda não estimula as exportações, mas, sim, as importações. O governo está fazendo swap cambial para não deixar essa taxa subir muito, porque a prioridade é controlar a inflação. Se a demanda continuar caindo, e a produção nacional cair mais que a importação, continuará a haver aumento da participação dos importados. A taxa de câmbio deveria estar no mínimo a R$ 2,60 para desestimular importação”, considerou.